Publicado em 04/01/2017 às 17:00, Atualizado em 04/01/2017 às 16:33
Os recursos correspondem a 31% do investimento total, de R$ 305,5 milhões.
Na terça-feira (3), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Fundação Butantan assinaram um contrato de R$ 97,2 milhões para financiar os testes clínicos para a vacina tetravalente contra a dengue. A imunização deverá ser usada em larga escalas em 2019.
Foram instalados centros em 13 cidades de cinco regiões do País visando imunizar voluntários e avaliar a eficácia do produto. Até o momento, já foram aplicadas doses em 4 mil das 17 mil pessoas que deverão participar dos testes. Essa é a última fase antes da vacina ser submetida à aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
Os recursos correspondem a 31% do investimento total, de R$ 305,5 milhões. Composto de partes do lucro do Banco, o BNDES Funtec apoia projetos de pesquisa aplicada, desenvolvimento tecnológico e inovação.
Os recursos vão permitir a conclusão do novo prédio que terá capacidade de produzir até 30 milhões de doses por ano. O dinheiro, investido sem necessidade de retorno, possibilitará ainda a instalação de equipamentos, mobiliário e capacitação das equipes.
Nesta última fase de testes, dois terços dos voluntários serão imunizados e um terço receberá um placebo sem efeito. A partir daí, será observada a taxa de infecção no grupo que foi vacinado e no de controle, que recebeu a substância sem efeito.
Cerca de 180 milhões de pessoas devem ser beneficiadas pela vacina. Apesar de ser esperado que a disponibilização da vacina se dê em âmbito nacional, seu impacto será mais fortemente sentido nas regiões endêmicas — em geral, as mais carentes do País, com saneamento básico precário e alta densidade populacional.
A doença
Transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, a dengue é uma doença infecciosa viral que se espalha rapidamente pelo mundo, sendo endêmica em mais de cem países na África, nas Américas, no Mediterrâneo Oriental, no Sudeste Asiático e no Pacífico Ocidental.
A incidência global da doença aumentou 30 vezes nos últimos 30 anos, com ampliação e expansão geográfica para novos países. Os motivos para a disseminação não são claros, mas parecem relacionados à propagação do vetor (mosquito) em regiões de clima quente e chuvoso, com infraestrutura precária de saneamento básico. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se cerca de 390 milhões de casos de dengue no mundo.
No Brasil, o maior surto ocorreu em 2013, com cerca de 2 milhões de notificações. Esse ano, até setembro, foi registrado mais de 1,4 milhão de casos prováveis, com 563 mortes confirmadas.
Em novembro, o Banco já havia aprovado R$ 23 milhões para a Fiocruz, destinados ao desenvolvimento de kits de diagnóstico para zika, dengue e chikungunya e ações de combate ao Aedes aegypti.