Publicado em 23/07/2020 às 13:34, Atualizado em 23/07/2020 às 11:06
Este é o terceiro estudo de uma vacina para a COVID-19 já autorizado pela Anvisa.
Na terça-feira (21), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou mais um ensaio clínico para investigar duas potenciais vacinas para o novo coronavírus (SARS-CoV-2), a BNT162b1 e a BNT162b2. Com expectativa de serem testadas em mil brasileiros, as fórmulas foram desenvolvidas pela empresa de biotecnologia alemã BioNTech e pela farmacêutica norte-americana Pfizer, conforme a publicação no Diário Oficial da União.
Este é o terceiro estudo de uma vacina para a COVID-19 já autorizado pela Anvisa. Isso porque, no dia 2 de junho, a agência autorizou o ensaio clínico da Universidade de Oxford, no Reino Unido, e no dia 3 de julho, a vacina desenvolvida pela empresa chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan, foi liberado.
Como serão os testes?
No estudo em questão, as duas vacinas são baseadas em ácido ribonucleico (RNA), que codifica um antígeno específico do novo coronavírus. Esse RNA é traduzido, então, pelo organismo humano - que recebeu a imunização - em proteínas que irão induzir uma resposta imunológica, como esperado, eficiente contra a COVID-19.
Antes dessa maior testagem que, agora, espera alcançar cerca de 29 mil voluntários no mundo, testes com pequenos grupos já aconteceram tanto nos Estados Unidos quanto na Alemanha e demonstraram eficácia na imunização. Agora, o Brasil entra no último estágio de testes, que deve corresponder às fases 2 e 3 de estudos clínicos, quando são avaliados tanto dados de qualidade e eficácia quanto da possível dosagem. Por conta da emergência gerada pela pandemia, as últimas etapas de estudo serão feitas de forma simultânea.
Os mil voluntários brasileiros devem se dividir entre os estados de São Paulo e da Bahia, sendo conduzido pelo CEPIC (Centro Paulista de Investigação Clínica), em São Paulo, e pela Instituição Obras Sociais Irmã Dulce, em Salvador. Dessa forma, o estudo para as duas vacinas será randomizado, com dois grupos de vacinas e um de placebo - que não receberá nenhuma das doses contra o coronavírus.
A expectativa é que esses testes comecem em agosto e devem ter uma duração total de dois anos, isso porque já está previsto o para acompanhamento de voluntários após receberem a vacina contra a COVID-19. No entanto, a previsão é que os primeiros resultados já sejam disponibilizados entre outubro e novembro, segundo a Folha de S Paulo.
Direto para os EUA
Mesmo que parte das pesquisas para essa vacina contra o novo coronavírus sejam feitas no Brasil, é provável que o país não seja beneficiado em um primeiro momento pela descoberta. Isso porque os Estados Unidos fecharam, nesta quarta-feira (22), um acordo com as duas farmacêuticas - tanto a Pfizer quanto a BioNTech - para a compra de 100 milhões de doses da vacina, ainda em 2020, caso estejam prontas.
As desenvolvedoras da vacina já informaram que não devem conseguir produzir mais do que essas unidades ainda neste ano, segundo informa o Estadão. Em comunicado, elas afirmam que o governo norte-americano solicitou, inicialmente, 100 milhões de doses por um valor de US$ 1,95 bilhão (quase dez bilhões de reais). Para 2021, a expectativa é da entrega de 600 milhões de doses. Entretanto, a fórmula também precisa da aprovação FDA, a agência reguladora de medicamentos no país similar à Anvisa.
Caso as aprovações de eficácia da vacina corram como esperado, a Pfizer e a BioNTech estima produzir mais de 1,3 bilhão de doses em 2021 e, então, distribuir ao restante do mundo. "Estamos satisfeitos por termos assinado este importante acordo com o governo dos EUA para fornecer as 100 milhões de doses iniciais", afirmou o CEO da BioNTech, Ugur Sahin.
Além dessas fórmulas, mais de 150 vacinas para a COVID-19 estão com produção em curso no mundo, sendo que aproximadamente 20 dessas fórmulas já estão em fase de testes em humanos.