Publicado em 25/04/2013 às 19:40, Atualizado em 27/07/2016 às 11:24

Vander Loubet é grampeado em operação da PF pedindo ajuda da Máfia do Asfalto

O petista, em conversa com o empreiteiro acusado de fraudar licitações, diz que está no desespero

Redação, Correio do Estado

  O jornal O Estado de S.P publicou, nesta quinta-feira (25), matéria sobre a Operação Fratelli onde o deputado federal Vander Loubet (PT) é flagrado no grampo da Polícia Federal pedindo ajuda ao empreiteiro Olívio Scamatti.  O empresário foi preso na operação acusado de chefiar uma organização criminosa -  conhecida como a Máfia do Asfalto - que fraudou licitações em 78 municípios do interior de São Paulo com recursos de emenda parlamentares.

A reportagem transcreve um dos trechos da conversa de Vander onde ele diz ao ao empresário no telefonema: "Vê se você resolve, eu tô no desespero".

A Polícia Federal e a Procuradoria Geral da República (PGR), de acordo com o Estado, avaliam que, dos parlamentares citados na investigação, o caso de Vander Loubet é o mais grave pela frequência e o conteúdo das conversas.

Interceptação

No dia 12 de março, precisamente às 12h51min, o diálogo entre o deputado e Scamatti foi interceptado. "(o governador) Chega hoje à noite e tá querendo conversar amanhã de manhã com nós (sic), se você puder vir. E, mais do que isso, o nosso amigo lá do Rio vai vir aqui também, vai almoçar comigo e se você estiver aqui pra tentar matar aquele negócio, que eu estou precisando resolver com ele, aquilo, sabe, o diretor lá. Eu queria dar uma prensa naquele negócio lá, sabe?"

Segundo O Estado de S.P, embora no diálogo seja utilizada linguagem cifrada e evitando-se nomes, o deputado diz ao controlador do Grupo Demop, que é o principal beneficiário do esquema de corrupção que se espalhou pela região noroeste do Estado, que iria se encontrar com o governador daquele estado".

Para os investigadores, o apelo de Loubet mostra o poderio de seu interlocutor. Embora use linguagem cifrada e evite nomes, o petista diz na ligação ao controlador do Grupo Demop – principal beneficiário do esquema de corrupção que se espalhou pela região noroeste do estado – que vai se encontrar com "o governador daquele estado".

Pode deixar"

Vander Loubet em seu apelo desesperado diz: "Eu sei a situação, eu não sou de ligar, mas eu estou desesperado, rapaz, sabe o negócio lá... já venho empurrando, empurrando". O empreiteiro responde secamente: "Pode deixar".

Uma outra ligação, esta do dia 19 de fevereiro, às 12h17min, Vander Loubet e Scamatti tratam sobre liberação de transporte de esfalto.

Segundo a reportagem, o deputado diz que "vai estar amanhã com o cara e, na sequência, pergunta ao dono da Dempo se tem alguma coisa que ele (o empresário) queira que veja com ele".

Loubet mostra cautela e não cita nomes.

A resposta do empreiteiro é que "precisa ver aquele negócio do processo lá que não anda, está travado com o pessoa dele. Loubet responde, então, que para deixar, que vai dar uma chorada para ele amanhã.

A reportagem informa que Loubet é um dos deputados federais do PT e do PSDB citados na investigação que desarticulou a "Máfia do Asfalto", instalada em gestões municipais. São mencionados também Cândido Vaccarezza, Arlindo Chinaglia e José Mentor, todos do PT de São Paulo, e Edson Aparecido (PSDB), atualmente secretário-chefe da Casa Civil do governo do estado de São Paulo. A PGR avalia se os parlamentares deverão ser investigados ou não.

Vander Loubet

O Estado de S.P  informa que Vander Loubet, por meio de sua assessoria de imprensa, disse que "é complicado se manifestar sem ter acesso à integra dos autos da investigação". 

Segundo a reportagem, ele admitiu conhecer o empreiteiro, mas afirmou que "não tem nenhum tipo de relação política ou comercial com ele". Vander Loubet lembrou que Scamatti é de São Paulo e ele, do Mato Grosso do Sul. "Não recebi doação do grupo empresarial Scamatti", afirmou.