Buscar

14/05/2025 às 14:30, Atualizado em 14/05/2025 às 18:07

Tatu-canastra é capturado pela primeira vez em projeto que alia conservação e reflorestamento no Estado

Além do tatu-canastra, as armadilhas fotográficas instaladas para o projeto também têm registrado outras espécies que habitam as áreas florestais

Cb image default
Divulgação

Um projeto inédito de conservação ambiental no leste de Mato Grosso do Sul resultou na primeira captura monitorada de um tatu-canastra (Priodontes maximus), a maior espécie de tatu do mundo. A ação faz parte da iniciativa “Canastras e Eucaliptos”, desenvolvida pela Suzano, maior produtora mundial de celulose, em parceria com o Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS). O objetivo é estudar e proteger o animal em áreas florestais da empresa, que combinam vegetação nativa e plantações de eucalipto.

O projeto teve início em abril de 2024 com a formalização da parceria. Em julho do mesmo ano, começaram as atividades de campo, como o mapeamento do território, instalação de armadilhas fotográficas e busca por rastros do animal. Em março deste ano, uma fêmea adulta, com cerca de 37 quilos e 1,52 metro de comprimento, foi capturada pela primeira vez para exames e coleta de dados.

A localização exata do avistamento não foi divulgada para garantir a segurança da espécie. O animal passou por exames clínicos detalhados, incluindo hemograma, análises bioquímicas hepáticas e renais, coletas de fluidos nasais e orais, além da análise de fezes. O tatu também recebeu um transmissor GPS com acelerômetro que, durante três meses, fornecerá informações sobre seus deslocamentos e hábitos comportamentais.

“A captura do primeiro tatu-canastra por meio do projeto em parceria com o ICAS é fundamental para compreendermos melhor os hábitos desse gigante do Cerrado e, assim, aprimorarmos nossos processos com foco na conservação da biodiversidade em nossas áreas. É importante ressaltar que todo o manejo florestal da Suzano é desenvolvido com foco na proteção ambiental, o que inclui o plantio em mosaico, programas de restauração ambiental, monitoramento da fauna e implantação de corredores de biodiversidade para conectar fragmentos do Cerrado, dentro e fora de suas áreas”, afirma Renato Cipriano Rocha, coordenador de Meio Ambiente da Suzano em Mato Grosso do Sul.

O equipamento instalado no animal registra um ponto de localização a cada sete minutos e permite distinguir comportamentos como repouso, deslocamento e escavação. Segundo os pesquisadores, essas informações são essenciais para a criação de estratégias eficazes de conservação.

“Com a captura do primeiro indivíduo na área da Suzano, iniciamos o monitoramento do deslocamento da espécie em um ambiente composto por Cerrado e plantações de eucalipto. O objetivo é conservar o tatu-canastra, independentemente de onde ele esteja. As plantações de eucalipto são uma realidade no estado e estão em expansão. Ao compreender o comportamento da espécie nessas áreas, conseguimos otimizar os corredores ecológicos, promovendo a conectividade e permitindo a circulação dos animais com mais segurança”, ressalta Gabriel Massocato, biólogo do Programa de Conservação do Tatu-canastra e do ICAS.

Além do tatu-canastra, as armadilhas fotográficas instaladas para o projeto também têm registrado outras espécies que habitam as áreas florestais da empresa, como queixada, cateto, anta, tamanduá-bandeira, irara e onça-parda.

A Suzano possui mais de 808 mil hectares de área florestal em Mato Grosso do Sul. Desse total, cerca de 250 mil hectares são destinados exclusivamente à conservação da biodiversidade. Nessas áreas, já foram identificadas mais de 1,5 mil espécies, incluindo 770 tipos de plantas, 388 aves, 136 artrópodes, 92 mamíferos, 68 peixes, 61 répteis e 41 anfíbios.

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.