Publicado em 08/07/2023 às 14:33, Atualizado em 08/07/2023 às 11:46
A investigação terá prazo inicial de 60 dias.
O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou na quinta-feira, dia 06 de julho, a abertura de inquérito para investigar se o deputado federal General Girão (PL-RN) incitou os atos golpistas de 8 de janeiro.
A abertura do inquérito atende a pedidos da PGR (Procuradoria-Geral da República) e da PF (Polícia Federal). A investigação terá prazo inicial de 60 dias.
Além da suposta incitação ao crime, também será apurado se Girão cometeu crimes contra o Estado Democrático de Direito e associação criminosa.
"Diante do exposto, nos termos requeridos pela Procuradoria-Geral da República, determino a instauração de inquérito em face do deputado federal Eliéser Girão Monteiro Filho, para apuração, em princípio, das infrações penais previstas nos arts. 288 (associação criminosa), 286; parágrafo único (Incitação ao crime), 359-L (Abolição violenta do Estado Democrático de Direito) e 359-M (Golpe de Estado), todos do Código Penal", determinou Moraes.
O ministro estabeleceu as seguintes medidas:
depoimento do deputado
que as redes sociais preservem os conteúdos das postagens dos deputados e encaminhem as informações à PF em 5 dias
que a PF faça nova pesquisas nas postagens, para analisar materiais que não tenham sido identificados inicialmente
após as diligências, que seja analisada a necessidade de implantação de medidas cautelares
Nos pedidos de abertura do inquérito, PF e PGR analisaram uma série de postagens de postagens em que "se verificam uma reiterada tentativa de descrédito da Justiça Eleitoral e de disseminação de notícias fraudulentas".
Ao Supremo, a PGR levou dados da Procuradoria da República de Mossoró (RN).
Segundo o Ministério Público, publicações de janeiro das redes sociais do parlamentar indicam que ele fomentou a "animosidade das Forças Armadas contra os Poderes constituídos e de golpe de estado".
"Especialmente instigando a violência contra o Congresso Nacional, STF e TSE, considerando os golpistas presos pela prática dos atos antidemocráticos de 8/1/2023 como vítimas perseguidas pelo Poder Judiciário."
No parecer, o subprocurador-geral da República Carlos Frederico Santos afirmou que o discurso aponta para o "incitamento difundido pelo requerido por meio das referidas postagens supostamente estimulou a prática das ações criminosas acima narradas".
"Necessário apurar, portanto, todos os contornos eventualmente criminosos das condutas indicadas nos autos e se as postagens do requerido tiveram influência nos atos do dia 8 de janeiro de 2023, consubstanciando ou não o IÍ delito definido no Código Penal", afirmou Santos.
A Polícia Federal encaminhou ao STF uma análise das postagens do parlamentar, iniciadas em 12 de dezembro do ano passado.
Em uma delas, General Girão afirmou que a "Casa do Povo pertence ao povo". "O Brasil pertence aos brasileiros. Ajustiça pertence a Deus. #Vamos Vencer", acrescentou.
Para a PF, nesse contexto, a frase "#Vamos Vencer" significou "claramente uma incitação golpista".
"Como se comprova a partir da charge juntada, quando se vê, de modo abominável, um Congresso Nacional amedrontado diante de uma turba de golpistas. A vontade do deputado em ver a concretização de um golpe de Estado, como se sabe, quase se consumou a pouco mais de um mês de tal postagem, evidenciando o nexo de causalidade entre conduta e dano", argumentou.
Atos em quartéis
Em abril, Girão já havia sido alvo de outra ação por suposto envolvimento com atos antidemocráticos. À época, o Ministério Público Federal apresentou ação contra ele na Justiça Federal do Rio Grande do Norte por promover manifestações golpistas em frente aos quartéis do Exército no estado.
O MPF pediu a condenação do parlamentar por danos morais coletivos. Segundo a Procuradoria, o deputado fez reiteradas postagens em suas redes sociais conspirando contra o Estado Democrático de Direito.
"Em claro abuso da liberdade de expressão e da imunidade parlamentar", escreveu.
Fonte - g1