Publicado em 22/09/2024 às 16:00, Atualizado em 22/09/2024 às 12:42
O tratamento precisa de suporte de outras estruturas sociais e outras redes de apoio.
A Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS) realizou na sexta-feira (20), por meio da Escola do Legislativo Senador Ramez Tebet, presidida pela deputada Mara Caseiro (PSDB) a Palestra “Falando sobre Suicídio: Você não está sozinho (a)!”, ministrada pela psicóloga graduada pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), e especialista em Psicoterapia de Orientação Psicanalítica, Luiza de Souza Patusco.
Alusiva ao Setembro Amarelo, contou com a participação do médico pneumologista e especialista em Medicina do Sono, Henrique F. de Brito, por videoconferência. “Quero agradecer à Marlene Figueira e a deputada Mara Caseiro, autora da lei que institui o Setembro Amarelo. Agradeço a participação da amiga Luiza, fiquei muito feliz por ela ter aceitado o convite. E lembrar que vivemos num mundo líquido em que tudo muda o tempo todo, e as redes sociais mostram um sucesso irreal, diferente de nossa realidade. E o trabalho do psicólogo e do psiquiatra é fundamental para trabalhar com isso”, considerou.
“As pessoas precisam de ajuda, os colegas talvez possam identificar. Existem alguns sinais de uma pessoa que está caminhando com humor depressivo e chegar ao suicídio. Não é só a saúde física, precisamos fortalecer a mental. O suicida quer matar a dor que existe dentro dele, não a vida, como disse a palestrante”, concluiu Henrique F. de Brito.
Palestra
“Minha atuação é clínica em políticas públicas, já trabalhei em Centro de Atendimento Psiquiátrico (CAPS), uma das portas de entradas para emergências psiquiátricas, entre elas, a tentativa de suicídio. Achei o título da palestra bem assertivo, já traz uma síntese de reflexão sobre esse tema que foi tabu por muito tempo”, declarou a psicóloga e psicanalista Luiza de Souza Patusco.
“Precisamos ter mais curiosidade sobre nós mesmos, se escutar. Desenvolvemos no trabalho de terapia o se escutar, buscar ajuda, que não precisamos estarmos sozinhos, e podermos buscar ajuda. E também aprender a se envolver com os agentes agressivos, coisas e pessoas que causam sofrimento”, ressaltou a psicanalista. Luiza Patusco explicou que é necessário observamos mais o que acontece à nossa volta. “Vivemos em sociedade e nós dependemos do outro. É importante a gente lembrar que podemos contar com um profissional adequado, amigos, famílias, colegas e até desconhecidos. A gente as vezes ouve coisas que nos fazem refletir e nos darmos conta de algumas coisas”, explicou.
“As pessoas em sofrimento não têm consciência sobre a dimensão da dor que tem. Seja um psicólogo ou psiquiatra que tenha uma escuta sensível, ajudar a pessoa a acalmar essa dor. Tudo isso a gente está promovendo um espaço para que a pessoa. A ideação suicida é muito mais comum do que se imagina. O trabalho de prevenção ao suicídio envolve o tratamento com um profissional com a escuta qualificada”, informou a psicanalista Luiza Patusco.
Abordando a complexidade de cada um, a psicóloga Luiza Patusco abordou como é o pensamento de quem tem ideação suicida. “O ser humano tem estruturas de personalidades, lida o tempo todo com pulsões de vida e de morte, e diversos sentimentos, não só os bons. E existem os pensamentos de medo e de morte, essa confusão algumas pessoas são mais sensíveis e sujeitas, e outras menos. A subjetividade é como cada pessoa lida com os stress e dores da vida. Uma coisa que me machuca pode não machucar o outro e vice-versa”, destacou.
“A questão genética também pode influenciar, quem tem histórico de suicídio na família, algum descendente o faz por identificação. E pelas doenças mentais, o Transtorno Afetivo Bipolar (TAB) é uma delas, alternando estados de euforia e de depressão. Quando o paciente está em queda, ele pode ser capaz de atentar contra a própria vida. Temos também a depressão, a esquizofrenia, as psicoses, quando a pessoa está em crise, ela está muito mais sensível, pacientes graves cometerem comum é suicídio”, considerou.
Por fim, Luiza Patusco explicou que existem tentativas sutis de suicídio. “Nem todo suicida expressa isso de uma forma que percebamos, existem tentativas sutis, eles fazem coisas que podem causar a morte, colocando-se em risco o tempo todo. É importante um profissional que tenha essa abertura para trabalhar. Existe tratamento, não é um problema sem cura, sem saída, uma das saídas é essa daqui de poder ver a possibilidades que existem, nós não estamos sozinhos. Área psíquica se torna insuportável, o sofrimento para a pessoa tentar atentar contra a própria vida. As pessoas que querem se matar não querem morrer, elas querem se matar para se livrar das dores e angústias”, ressaltou.
“A prevenção começa com a empatia conosco e com o outro, sem julgamentos. Perceber o outro sem julgamento para não cortar a linha de comunicação é essencial. Buscar ajuda, temos também que considerar que não só são os mecanismos psíquicos são questões ambientais, externas, não só internas. O tratamento precisa também de suporte de outras estruturas sociais, outras redes de apoio. Os homens costumam negar, os jovens e as crianças são suscetíveis; a prevenção é importante entre os jovens que são muito impulsivos, é necessário trabalhar com muito afinco, com crianças também, vivem se comparando, numa fase que eles não tem maturidade para isso, são penas algumas das facetas”, concluiu a psicóloga e psicanalista Luiza Patusco.
Marlene Figueira, presidente de honra da Escola do Legislativo e gerente de Recursos Humanos da ALEMS, falou sobre a abordagem do tema aos servidores da Casa de Leis. “É importante que eles ouçam de uma profissional da área para alertar caso alguém esteja passando por uma situação relatada. Não só os funcionários, mas vários casos, que não entendem e sabem porque isso acontece, a família fica desestruturada. Uma ação como essa pode salvar vidas, vai ouvir, procurar um colega para conversar, um profissional. Nós, aqui da Assembleia Legislativa, temos feito também alguma coisa. É um trabalho difícil de identificar, uma assistente social e uma psicóloga procuram identificar, e a gente acolhe quem precisa e o apoio de uma profissional como a Dra. Luiza é muito mais fácil de a gente fazer a corrida e fazer sucesso”, ressaltou.