Publicado em 07/04/2013 às 08:19, Atualizado em 27/07/2016 às 11:24

Puccinelli tenta enfraquecer adversários para esconder crise no PMDB

Nova Notícias - Todo mundo lê

Redação, Midiamax

A derrota do candidato do PMDB em Campo Grande, em um histórico 62,55% para Alcides Bernal (PP) e 37,45% para Edson Giroto (PMDB), foi um duro golpe para o governador André Puccinelli (PMDB). Porém, não foi suficiente para ele manter para a próxima eleição a tática já usada na passada: enfraquecer adversários para esconder divergências internas.

Puccinelli tenta fragilizar os pré-candidatos Delcídio Amaral (PT) e Reinaldo Azambuja (PSDB) para desviar o foco da crise no PMDB, que não consegue definir entre a candidatura da vice-governadora Simone Tebet (PMDB) e do ex-prefeito Nelsinho Trad (PMDB).

Com problemas em casa, o governador opta por lançar questionamentos sobre a força dos adversários. Um dia ele declara em Corumbá que o senador Delcídio Amaral (PT) é o favorito. No outro, ele analisa que o pré-candidato do PT não é nenhum “Pelé”. A tática é a mesma adotada contra Reinaldo. Puccinelli cita o deputado como renovação e pede para o PSDB se aliar ao PMDB, mas pondera que Reinaldo não ganha para governador e nem para senador em 2014.

A tática de atacar adversários foi adotada por Puccinelli em 2012. Enfrentando uma guerra interna, tendo como protagonistas Edson Giroto e Paulo Siufi (PMDB), o governador optou por atacar concorrentes. Reinaldo foi o alvo predileto. Irritado com o PSDB, que após vários anos de aliança, optou por voo solo, o governador ria da candidatura e dizia que os tucanos tinham bico grande e asa curta, o que dificultaria um voo grande. O palpite do governador foi diferente do resultado nas urnas. Reinaldo quase tirou Giroto do segundo turno, alcançando 25,90% dos votos.

Crise

Depois da divisão do PMDB em 2012, quando parte dos filiados apoiou adversários em protesto ao claro favorecimento a Edson Giroto, Puccinelli volta a protagonizar a desarmonia dentro do partido. Em tom de brincadeira, o líder do partido vive demonstrando preferência por Simone Tebet e ignora popularidade de Nelsinho. “A Simone ainda não é conhecida. Não é o momento para fazer pesquisas”, avaliou. Puccinelli dividiu a Casa Civil para deixar Simone e Nelsinho livres para disputar a vaga. Com cargos estratégicos, a dupla disputará a preferência principalmente dos prefeitos e vereadores do interior do Estado, já que segundo lideranças, caberá aos filiados a escolha do candidato.

Com alta aprovação da gestão, segundo pesquisas caseiras, Nelsinho não conseguiu emplacar sua popularidade dentro do partido e viu seu aliado, André Puccinelli, dificultar o caminho rumo ao governo após derrota do PMDB em Campo Grande. Em meio a uma crise, externada pela declaração do ex-presidente do PMDB, Esacheu Nascimento, de que Nelsinho saiu fragilizado da eleição em Campo Grande e Simone era candidata natural, Puccinelli não titubeou e tratou de decretar que Nelsinho teria que disputar a preferência com Simone. Em outra oportunidade, emendou que não seria pressionado e a porta aberta era serventia da casa. Sempre destemido, Nelsinho preferiu manter o silêncio e não repetiu a ameaça de que deixaria o partido se não fosse o escolhido.

Tática

Puccinelli também tenta valorizar o passe dele na disputa pelo Senado. Sem modéstia, o governador diz que é o “Pelé” da disputa pelo Senado, mas afirma aos colegas de partido que não vai se candidatar porque prefere se aposentar. Apesar das declarações de que deve “pendurar a chuteira”, Puccinelli deixa claro que vai ser candidato se o partido o convocar.

Esta não é a primeira vez que Puccinelli fala em aposentadoria. Após garantir a reeleição, ele anunciou que se aposentaria em 2014. Mas, mudou de ideia e, demonstrando irritação, declarou que não estava morto politicamente e poderia sim enfrentar Zeca do PT em uma disputa pelo Senado.

Wendell Reis Puccinelli incentiva discórdia no PMDB ao forçar Simone a disputar o governo com Nelsinho

Acompanhando a tática do governador, o deputado Pedro Kemp (PT) avaliou que o momento é de provocações e com muito jogo de cena. Ele acredita que o governador está querendo se valorizar para tentar enfrentar Delcídio, que hoje é muito forte. Na opinião do deputado, Puccinelli tentará de tudo para se aliar a Reinaldo e isolar Delcídio. Porém, na avaliação de Kemp, o PSDB não vai se aliar ao PMDB agora que conseguiu deixar de ser coadjuvante nas eleições em Mato Grosso do Sul.