Publicado em 03/07/2023 às 17:00, Atualizado em 03/07/2023 às 15:30

PP filia presidente da Famasul e Tereza ganha força no agronegócio para 2026

Com inelegibilidade de Bolsonaro, na opinião dos agropecuaristas, a senadora é o nome para concorrer à Presidência

Redação,
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Foto - Reprodução Correio do Estado

Como parte do processo de fortalecimento da legenda em Mato Grosso do Sul já de olho nas eleições de 2024 e 2026, a executiva estadual do PP filiou uma importante liderança do agronegócio, o que contribui para reforçar o nome da senadora Tereza Cristina (PP) junto ao setor produtivo como a substituta natural do ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL), que teve seus direitos políticos cassados por oito anos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Trata-se do produtor rural do município de Bonito Marcelo Bertoni, que, em junho de 2021, em um pleito virtual histórico, com participação de 67 dos 68 sindicatos rurais do Estado, foi eleito por unanimidade o novo presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul) para o triênio 2021-2024. Além disso, em dezembro do ano passado, ele assumiu a presidência do conselho deliberativo do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Estado (Sebrae-MS) para o quadriênio 2023-2026.

Produtor rural desde 1989, Marcelo Bertoni tem propriedade no município de Bonito e foi um dos fundadores da ala jovem do Movimento Nacional dos Produtores (MNP), em 1994 e 1995, e diretor-secretário da Associação dos Criadores do Vale do Aquidaban e Nabileque (Acrivan), entre 2008 e 2010. De 2011 a 2016, exerceu o cargo de diretor-presidente no Sindicato Rural de Bonito, sendo vice-presidente entre 2017 e 2019 e delegado e representante efetivo como primeiro-secretário até 2021.

Além disso, o produtor rural foi eleito diretor-tesoureiro da Famasul para o triênio 2018-2021, com forte atuação nas pautas voltadas à conservação do meio ambiente atrelada à produção, sendo titular da Câmara Técnica de Conservação de Solo e Água, da Comissão Nacional de Meio Ambiente, do Comitê Estadual do Conselho Nacional da Reserva da Biosfera do Pantanal, do Conselho Estadual de Controle Ambiental (Ceca) e da Frente Parlamentar de Unidade de Conservação.

Graduado em Gestão Pública, Marcelo Bertoni também compõe o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Miranda (CBH-Miranda), o Conselho Consultivo do Parque Nacional da Serra da Bodoquena (CCPNSB) e o Conselho Municipal de Meio Ambiente de Bonito (Condema). Uma das principais bandeiras dele à frente da Famasul tem sido implementar novos projetos para fortalecer as relações institucionais e a representatividade do produtor rural, incentivando a qualificação e a sustentabilidade no campo.

SUBSTITUTA NATURAL

Com a filiação de Marcelo Bertoni, segundo fontes ouvidas pelo Correio do Estado, a ideia do PP estadual e nacional é apressar uma possível campanha da ex-ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento na gestão de Bolsonaro para consolidá-la como “substituta natural” do ex-presidente da República.

Para isso, a executiva nacional do PP conta com uma forte ala do agronegócio brasileiro para propor a Jair Bolsonaro que já lance a senadora Tereza Cristina como candidata à disputa ao Palácio do Planalto em 2026.

Sob o argumento de que é preciso ter alguém ligado ao setor no páreo, ruralistas de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e Paraná rejeitam articulações em torno dos nomes dos governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo).

A finalidade de apressar uma possível campanha da ex-ministra se consolidou antes mesmo do julgamento do TSE que deixou Bolsonaro fora das eleições por oito anos. As conversas têm ocorrido em aproximadamente 150 grupos de WhatsApp, com nomes de cidades como Ribeirão Preto (SP), Presidente Prudente (SP) e Barretos (SP), e também em transmissões ao vivo na internet.

A avaliação dessa rede é de que oagronegócionão consegue ajudar a estruturar uma campanha presidencial em menos de três anos. Além disso, participantes das conversas – que atuam de forma paralela à Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e à Confederação Nacional da Agricultura (CNA), os dois principais braços políticos do agro – veem a indicação antecipada de um concorrente como forma de evitar a fragmentação do setor.

O nome deTereza Cristinacomeçou a ganhar força nos grupos do Sul do País, de Mato Grosso do Sul e de Mato Grosso. O agronegócio brasileiro não vai aceitar articulações para a ex-primeira-damaMichelle Bolsonaro(PL) ser lançada como plano B deJair Bolsonaro. O setor avalia que ela não tem perfil para entrar na corrida presidencial de 2026, nem para cabeça de chapa nem para vice.

Os agropecuaristas entendem que Michelle é “um balão de ensaio” do presidente do PL,Valdemar Costa Neto. Eles não veem nenhum problema se o partido trabalhar seu potencial para cargos no Legislativo. Afinal, Michelle tem conseguido mobilizar principalmente as eleitoras de viés conservador e avança no segmento evangélico como um todo.

EVENTO LOCAL

Em evento político para filiação da prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes, realizado no dia 1º de junho, o presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira, já tinha declarado publicamente que a senadora sul-mato-grossense Tereza Cristina teria tudo para disputar a eleição presidencial em 2026, caso Jair Bolsonaro fosse impedido de concorrer no pleito.

“Todos sabem da minha lealdade ao presidente Jair Messias Bolsonaro. Quero dizer que, caso o nosso capitão não possa e não queira ser presidente da República, quem sabe não chegou a hora de termos uma mulher disputando a Presidência da República. Por falta de vontade e de apoio não será”, afirmou Ciro Nogueira na ocasião, citando o nome de Tereza Cristina.

Questionada sobre a possibilidade de disputar a Presidência, a senadora sul-mato-grossense disse no evento que é um sonho de todo político. “Eu tenho o pé no chão e acho que a construção deve ser feita tijolo a tijolo. Ser presidente é uma coisa que todo mundo pode sonhar. Se meu nome estiver incluído, lá na frente, seria uma honra, mas ainda é muito cedo”, disse a ex-ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Tereza também ressaltou que o País está passando por um momento muito difícil e que o foco é buscar o equilíbrio e passar pela atual turbulência, referindo-se à gestão do governo federal. Atualmente, a senadora é a vice-presidente da executiva nacional do PP, demonstrando a força política que tem dentro da legenda.

Além disso, o presidente nacional do PP já colocou a senadora para presidir um instituto ligado ao partido que será criado no estado de São Paulo, uma organização que será bancada por empresários e, conforme a imprensa nacional, servirá para projetar o nome da ex-ministra.

Ainda de acordo com a imprensa nacional, o movimento integra a estratégia de Ciro Nogueira para aumentar o tamanho do partido – após 28 anos de domínio do PSDB no Estado – e tentar atrair o governador Tarcísio de Freitas para a legenda.

Além do instituto de Tereza Cristina, que será batizado de Vetor, Ciro Nogueira articula a filiação ao partido do chefe da Casa Civil do governo de São Paulo, Arthur Lima.

“O instituto será criado para termos um lugar de estudos aprofundados de temas que são importantes para o Brasil. Serão debates sobre o futuro da mão de obra, como fazer e o que sugerir para o futuro do País”, disse Tereza Cristina quando participou de um encontro com o governador de São Paulo e outros aliados no Palácio dos Bandeirantes, em março deste ano, ocasião em que a criação da entidade foi discutida.

Com informações do Correio do Estado