Publicado em 02/10/2016 às 07:43, Atualizado em 02/10/2016 às 10:00
Felipe Parente é apontado como operador de propina da cúpula do PMDB.
O empresário e advogado Felipe Parente, novo delator da Operação Lava Jato, afirmou em um de seus depoimentos ter entregue propina ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e ao senador Jader Barbalho (PMDB-PA).
A informação foi publicada na edição deste fim de semana da revista "Veja" (leia o que disseram os citados ao final desta reportagem).
Parente foi citado pela primeira vez nas investigações pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, outro delator da Lava Jato. Segundo Machado, o empresário era encarregado de levar propina para a cúpula do PMDB. Em troca, de acordo com o ex-presidente da estatal, Parente recebia 5% dos valores transportados.
A "Veja" afirma que teve acesso a um despacho sigiloso do ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal sobre a delação de Felipe Parente.
A TV Globo confirmou que o acordo de delação de Felipe Parente já foi homologado, ou seja, já tem valor legal. Isso signfica que tudo o que ele contou será usado pelos investigadores da Lava Jato e cruzado com o teor de outras delações, principalmente com a de Sérgio Machado.
Segundo a revista, Parente anotava todas as entregas que fazia e todos os locais onde se encontrava com intermediários dos políticos.
De acordo com a reportagem, o novo delator confirmou que entregava dinheiro para o partido e citou entre os beneficiários Renan Calheiros e o senador Jader Barbalho. Nos depoimentos, ele citou nomes, lugares e circunstâncias em que fez as entregas, inclusive com nome de hotéis onde teria se hospedado nessas ocasiões.
Numa das entregas, segundo a "Veja", Parente disse que teria que deixar a encomenda para Jader Barbalho com uma pessoa chamada Iara. Os investigadores acreditam que possa se tratar de uma funcionária do senador chamada Iara Jonas, que trabalha com o peemedebista há 22 anos. O delator reconheceu uma foto da funcionária, de acordo com a reportagem.
Sérgio Machado
Sérgio Machado admitiu em sua delação premiada ter repassado propina a mais de 20 políticos de seis partidos. Indicado para o cargo por Renan Calheiros, ele disse que a prioridade era atender aos políticos que ele apontou como responsáveis pela nomeação.
Ele também disse que, enquanto esteve à frente da Transpetro, de 2003 a 2015, repassou mais de R$ 100 milhões para o PMDB.
Na delação, Machado disse que Renan Calheiros foi o peemedebista que mais recebeu dinheiro ilícito: R$ 32 milhões. Até 2007, segundo o delator, quem fazia as entregas para Renan era Felipe Parente.
Em determinado período, segundo Machado, o presidente do Senado passou a receber pagamentos mensais de R$ 300 mil, valor que aumentava em ano de eleição, com doações oficiais.
Já Jader Barbalho, que segundo Machado pressionava muito por propinas, teria recebido R$ 4,2 milhões enquanto o delator esteve à frente da Transpetro.
O que disseram os citados
O presidente do Senado, Renan Calheiros, disse que não conhece Felipe Parente e negou que tenha recebido qualquer vantagem indevida.
A assessoria do senador Jader Barbalho disse que ele é inocente e que não tem participação nos fatos investigados pela Lava Jato. A assessoria disse ainda que o senador desconhece se alguém recebeu dinheiro em nome dele.
A funcionária de Jader Barbalho, Iara Jonas, não quis se manifestar.
O PMDB disse que desconhece o conteúdo da delação. Sobre a delação de Sérgio Machado, o partido disse que lamenta a existência de "delações irresponsáveis".
A Transpetro declarou que esta colaborando com as investigações.
Fonte - G1