A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada para apurar denúncia de suposta participação de membros do Executivo em desvios de cheques da Saúde ouviu, nesta quarta-feira (24), o secretário de Administração Umberto Canesque Filho. Durante o depoimento, o gestor afirmou que não possuía nenhuma relação extraprofissional com o autor das denúncias e reiterou que não teve qualquer participação no esquema. Ao lado do secretário de Saúde Tito José, Canesque é citado em Certidão de Escritura Pública de Declaração, protocolada no Cartório de Registros Públicos de Batayporã, como integrante do esquema que desviou aproximadamente R$ 700 mil do Fundo Municipal de Saúde de Nova Andradina. A ação ocorreu durante dois anos e meio e teve como principal articulador o servidor público Reginaldo Fernandes Cavalcante.Atualmente afastado de suas funções, o funcionário é o autor das denúncias que embasaram a criação da CPI e que citam a suposta participação dos secretários municipais. ?Não sei onde ele [Reginaldo Fernandes Cavalcante] mora, nunca tive relacionamento pessoal com ele, de amizade. Nossa relação era de bom dia, boa tarde?, afirmou Canesque.
O administrador comentou que o único vínculo profissional ocorreu quando assumiu a Secretaria Municipal de Finanças e Planejamento, em abril de 2008, pasta em que o servidor atuava na época. Canesque deixou a secretaria em dezembro do mesmo ano. ?Nunca tive nada a manifestar contra. Trabalhava normalmente?, comentou, reforçando que não possuía nenhuma relação com o funcionário fora do ambiente de trabalho.Após deixar a secretaria de Finanças e Planejamento, Canesque retornou para a Administração. Já Reginaldo foi transferido para a Saúde. ?Se eu estiver mentindo, eu gostaria que vocês na rua dissessem: olha o mentiroso. Eu estou aqui falando a verdade. Se eu tiver algum grão de areia, me condenem, não só a Comissão, mas vocês também que são munícipes?, enfatizou. O secretário disse ainda que só tomou conhecimento dos desvios após ser chamado pelo prefeito Gilberto Garcia (PMDB) para ser comunicado sobre o assunto. ?Estava na minha sala e o prefeito me chamou. Na sala estavam o Walter (atual secretário de Finanças), o Tito e o prefeito. Ele me chamou para tomar conhecimento, enquanto secretário de Administração, do que estava acontecendo?, comentou.De acordo com Canesque, o prefeito determinou que fossem tomadas todas as medidas necessárias e solicitou que o caso fosse comunicado ao Ministério Público. ?Eu estive na reunião com secretariado e falei para o senhor prefeito que, se eu tiver um grão de areia envolvido nesse negócio da Saúde, eu quero que o senhor me tire do cargo, confisque meus bens, que não sou muitos, e me mande prender sem fiança?, asseverou.
O secretário afirmou que não sabe dizer o que motivou Reginaldo Fernandes Cavalcante a incluí-lo como suposto membro do esquema. Canesque, inclusive, assegurou que só soube que seu nome havia sido citado após o servidor acusado registrar a Certidão de Escritura Pública de Declaração. ?Quando fiquei sabendo, imediatamente abri um processo por calúnia e difamação criminal contra o Reginaldo?, disse. Até o momento, a eventual participação dos secretários não foi comprovada nas investigações. ?Se eu estiver envolvido um grão de areia nesse processo da Secretaria de Saúde, eu falo para vocês: me mande prender algemado. Vocês, repórteres, tirem fotografia e coloquem nos maiores jornais do Estado. O que eu não aceito e ninguém aceita é colocar vocês, igual eu fui colocado, em certas circunstâncias, denegrindo a minha imagem?, argumentou.
De acordo com o presidente da CPI, vereador Glauco Lourenço (PMDB), mais duas pessoas serão ouvidas pela Comissão antes do encerramento do relatório final da investigação. Nos dias 6 e 7 de novembro, respectivamente, será a vez do ex-secretário de Saúde, Norberto Fabri Júnior, e do atual, Tito José, serem ouvidos. As oitivas estão previstas para as 10h, na Câmara Municipal.
Além do presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito, a CPI também é composta pelos vereadores, relator Dr. Sandro Roberto Hoici (DEM), e o membro Vicente de Souza Lichoti (PT).