Acompanhada por um advogado, Marisa Souza Santos, ex-mulher de Reginaldo Fernandes Cavalcante, prestou depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura a suposta participação de secretários do Executivo em um esquema de desvios de cheques do Fundo Municipal de Saúde de Nova Andradina.
A vendedora comentou que foi casada com Cavalcante até o início de 2008, quando o servidor público ainda atuava no setor de Empenhos da prefeitura. Ela foi convocada para depor na CPI por ter recebido, em sua conta bancária, parte dos cheques do Fundo Municipal de Saúde.
O ex-marido de Marisa é o principal suspeito de ter desviado os valores. Os cheques seriam depositados por Cavalcante em sua própria conta bancária e de terceiros. Após a descoberta do esquema, a prefeitura instaurou uma sindicância para investigar o caso e afastou o funcionário.
Durante o depoimento, Marisa disse que não tinha conhecimento da origem dos cheques. Depois de sacado o montante depositado, ela afirma que retirava apenas os valores referentes à pensão da filha do casal, no valor de R$ 250, e devolvia o restante para Cavalcante. ?Eu sabia que tinha cheques na minha conta, para pagar a pensão. Não sabia a origem do cheque. Ele depositava e eu sacava. Nunca vi esses cheques?, pontuou.
Marisa também comentou que chegou a questionar o ex-marido sobre o porquê dos depósitos com cifras acima do valor da pensão. Para evitar filas no momento do saque, ela diz que sugeria que lhe fosse enviado apenas os R$ 250. ?É o valor que sempre peguei, o restante eu devolvia para ele. Ele dizia que era para eu sacar tudo e devolver para ele, que o dinheiro não era dele?, frisou.O depoimento da ex-mulher de Reginaldo Fernandes Cavalcante reforça a tese de que o servidor não agia sozinho. Contudo, até o momento, não foi comprovada a participação de nenhuma outra pessoa no esquema de desvios. ?Toda vez que eu sacava o dinheiro no banco a gente se encontrava lá e ele pegava o dinheiro. Nunca vi para onde ia o destino?, reiterou.
Após a descoberta do esquema, Marisa afirmou que procurou o ex-marido para esclarecer o caso. ?Ele disse que foi obrigado, que se não fizesse isso perdia o cargo e outra pessoa faria no seu lugar, devia ser medo de perder o cargo. Ele sempre falou que não fazia sozinho?, acrescentou.A vendedora também comentou que, à época, passou a estranhar o comportamento de Cavalcante, que dava indícios de estar sendo ameaçado. ?Ele começou a ligar para perguntar onde estava nossa filha e não era sempre assim. Ele dizia que não era para deixar ela ir para escola sozinha, tanto que até hoje ela não vai para a escola sozinha?, emendou.
Para o membro da CPI, vereador Vicente Lichoti (PT), o depoimento de Marisa reforça características do discurso de Cavalcante. O servidor foi o primeiro a ser ouvido pela Comissão Parlamentar de Inquérito. Ele, inclusive, chegou a registrar no Cartório de Registros Públicos de Batayporã uma Certidão de Escritura Pública de Declaração.
No documento, Reginaldo discorre sobre as supostas ameaças e aponta a eventual participação dos secretários de Saúde, José Carlos Paiva Souza, e de Administração, Umberto Canesque Filho, nos desvios. Ambos negam terem participado do esquema. Eles também deverão ser convocados para prestar depoimento à CPI.
Segundo o presidente da Comissão, vereador Glauco Lourenço (PMDB), a próxima oitiva acontecerá no próximo dia 5 de setembro. A CPI ouvirá Raquel Borges, atual cônjuge do servidor público afastado. Ela também teria recebido cheques do Fundo Municipal de Saúde de Nova Andradina em sua conta bancária.
Já no dia 12 de setembro, será a vez de a CPI ouvir a contadora da prefeitura Christiane Aparecida Tosti e o técnico em contabilidade Walter Valentim Pinto. O profissional substituiu a servidora durante a licença maternidade de Christiane, que é a responsável pela contabilidade da prefeitura.