A dentista Raquel Borges, atual esposa de Reginaldo Fernandes Cavalcante, principal acusado de desviar recursos do Fundo Municipal de Saúde de Nova Andradina, prestou depoimento à CPI que investiga a eventual participação de secretários do Executivo no esquema de corrupção. Acompanhada por um advogado, Raquel assegurou que não sabia da origem dos cheques que eram depositados pelo marido em sua conta bancária. ?Fiquei sabendo depois que ele foi afastado, então ele contou a origem dos cheques. Para mim era o salário dele. Eu fui realmente saber depois de ocorrido os fatos?, frisou.Durante o depoimento, a dentista afirmou que mora com Cavalcante desde 2009 e que nunca questionou o valor dos vencimentos do servidor, atualmente afastado do quadro de funcionários da prefeitura. ?Nunca tive curiosidade, não tinha conhecimento do salário dele?, pontuou.Raquel também comentou que a união com Cavalcante foi oficializada em cartório no ano passado. Além da atual esposa, o servidor utilizava a conta bancária da ex-mulher, Marisa Souza Santos, para depositar parte dos cheques desviados. Depois de sacado, conforme depoimento do principal suspeito, os valores eram divididos e devolvidos aos secretários de Saúde e Administração, José Carlos Paiva Souza e Umberto Canesque Filho, respectivamente.
De acordo com Raquel, os depósitos em sua conta bancária eram esporádicos e serviam para ajudar nas despesas de casa. ?Variava de R$ 1 mil a R$ 1,5. Nunca desconfiei de nada. Para mim era do salário dele. Nunca tive desconfiança de nada e nunca tive a curiosidade de perguntar?, reforçou, acrescentando que sequer sabia o cargo do marido na prefeitura. ?Sei que tinha cargo de confiança?, disse.O depoimento da atual esposa não apontou indícios de participação dos secretários no esquema de corrupção, conforme denunciou Cavalcante em Certidão de Escritura Pública de Declaração. O documento foi registrado no Cartório de Registros Públicos de Batayporã.
Questionada pelos vereadores, a dentista destacou que o casal não possuía qualquer relação com Souza e Canesque. Ela também frisou que nunca viu o marido repassando qualquer quantia aos secretários municipais. ?Ele dizia que foi pressionado a fazer isso?, enfatizou.Durante o depoimento, Raquel reforçou que Cavalcante afirmava estar sendo ameaçado. ?Ele contou depois que sofreu inclusive ameaças. Que se ele falasse mais alguma coisa poderia acontecer algo comigo, com os filhos, o pai?, declarou a dentista, salientando que nunca presenciou qualquer uma das supostas intimidações relatadas pelo esposo.
Próximas oitivasEm reunião realizada logo após a oitiva com a atual mulher de Cavalcante, os vereadores Glauco Lourenço (presidente), Sandro Roberto Hoici (relator) e Vicente Lichoti (membro), que compõem a CPI, definiram convocar mais duas pessoas para prestar depoimento.
Nobuyoshi Ogiwara, atual responsável pela unidade do Banco do Brasil em Nova Andradina, e Maria Cristina Chulli, ex-gerente, serão chamados para prestar esclarecimentos sobre as movimentações dos cheques da Saúde depositados em contas da agência. O depoimento de ambos está previsto para o próximo dia 19 de setembro.Seguindo o cronograma de oitivas, a próxima delas acontecerá na quarta-feira (12). Na oportunidade serão ouvidos a contadora da prefeitura Christiane Aparecida Tosti e o técnico em contabilidade Walter Valentim Pinto. O profissional substituiu a servidora durante a licença maternidade de Christiane, que é a responsável pela contabilidade da prefeitura.