Publicado em 06/08/2024 às 16:03, Atualizado em 06/08/2024 às 18:07

Ministra anuncia que 65 agentes da Força Nacional vão proteger indígenas em área de conflito

Representantes dos fazendeiros devem conversar com a ministra, que já ouviu os indígenas presentes na área

Redação,
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Força Nacional (Foto: Nathália Alcântara/Jornal Midiamax)

Até sexta-feira (9), a Terra Indígena Panambi-Lagoa Rica, área de conflito, deve ter 65 agentes da Força Nacional e 24 viaturas atuando na proteção dos povos indígenas. O anúncio de reforço no efetivo foi feito pela ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, nesta terça-feira (6), durante visita ao local de conflito.

Na área estão acampadas 126 famílias, com 18 idosos, 70 crianças (incluindo bebês) e 50 jovens menores da idade. A poucos metros, proprietários rurais montaram tendas e estão no local com caminhonetes. Representantes dos fazendeiros devem conversar com a ministra, que já ouviu os indígenas.

Major Antonio, da Força Nacional, afirma que o coordenador da missão deve chegar ainda hoje à região e pediu calma aos indígenas. “Peço uma coisa para vocês, para evitarem o conflito. Deixe que a gente cuida da segurança de vocês. Sei que querem o direito de vocês e eles também”, disse.

A situação é tensa na região há cerca de 20 dias e existem denúncias de indígenas baleados por atiradores. Um atirador chegou a ser preso pela Força Nacional e as caminhonetes dos fazendeiros foram revistadas, mas não foram encontradas armas de fogo.

Ministra tenta apaziguar conflito

Nesta terça-feira (6), a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, chegou ao Mato Grosso do Sul acompanhada de equipe, e viajaram em direção à área de conflito, apesar do clima de tensão por lá nos últimos dias.

“A gente viu situações muito graves, onde os ataques violentos estão acirrando os conflitos. A gente precisa de mediação, a nossa vinda é para promoção da segurança dos indígenas”, disse a ministra ao afirmar que fez questão de ir até a área para tentar pôr fim à violência.

Sônia Guajajara disse que ontem a comissão Guarani Kaiowá pediu investigação da Polícia Federal para apurar quem foram os mandantes dos ataques armados contra os povos indígenas.

Enquanto isso, tem conversado com o STF (Superior Tribunal Federal) para avaliar a situação da área e tentar resolver esse conflito. A Terra Indígena Panambi – Lagoa Rica é uma terra oficialmente reconhecida, identificada e delimitada com 12,1 mil hectares desde 2011. Seu processo de demarcação, contudo, está paralisado por conta de medidas que tentam instituir a tese do Marco Temporal.

Equipe ouve indígenas da região

Com ajuda de um intérprete, os indígenas relatam a situação vivida no local nos últimos dias. A mãe de um garoto baleado e que segue internado, contou que quando começou o conflito sabia que o filho ia lutar pela permanência na terra indígena. Outros dois jovens disseram ter sido atingidos por tiros, mas não especificaram se foram balas de borracha.

Os indígenas cobram a demarcação das terras indígenas na região. A equipe, composta também pela presidente da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), Joenia Wapichana, o secretário-executivo do Ministério dos Povos Indígenas, Eloy Terena, e a deputada federal por MG, Celia Xakriabá, deve ir para Dourados.

Na segunda-feira (5), o desembargador Audrey Gasparini, do TRF3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região), suspendeu ordem de reintegração de posse concedida pela Justiça federal de Dourados, que ordenava o despejo da comunidade Terra Indígena Panambi Lagoa Rica, em Douradina.