Publicado em 30/06/2021 às 15:00, Atualizado em 30/06/2021 às 14:55

Mesmo com denúncias de corrupção, Mourão diz que “não há espaço" para impeachment contra Bolsonaro

Para ele, denúncias contra governo não abalaram discurso anticorrupção do presidente

Redação,
Cb image default
Foto: Ueslei Marcelino

O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta quarta-feira (30) que não vê espaço para um pedido de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro. Segundo ele, o discurso anticorrupção do presidente não foi abalado, mesmo com as denúncias contra o governo.

Mourão não quis comentar a denúncia de propina envolvendo negociações para a compra de vacinas contra a covid-19, mas admitiu que “pode ter havido o fato”. As declarações dele foram dadas a jornalistas no Palácio do Planalto.

“Acho que não há espaço para prosperar um pedido de impeachment. Ontem o próprio ministro Gilmar Mendes tocou nesse assunto. Estamos aí a um ano e pouco das eleições. Vamos deixar o processo prosseguir, chegar a outubro do ano que vem para ver o que acontece”, disse Mourão.

"É um relato, né? Vocês sabem que esses assuntos não chegam para mim, eu só tomo conhecimento pela imprensa. Não tenho como avaliar. Pode ter havido o fato...", disse o vice-presidente.

A declaração de Gilmar Mendes à qual se refere o vice-presidente foi feita durante o debate “Justiça e Democracia — A visão da Justiça, do Ministério Público e da Advocacia”. O ministro do STF afirmou que, ao analisar o atual sistema presidencial brasileiro, ele percebe que o país “naturalizou” o impeachment e que é preciso “zelar para que o remédio não mate o doente“.

O vice-presidente também defendeu que não é possível saber de tudo o que ocorre dentro dos ministérios. Para o general, é atribuição da Controladoria-Geral da União (CGU) acompanhar a questão.

Mourão foi perguntado se o discurso contra a corrução do governo Bolsonaro está abalado depois das as recentes denúncias sobre a compra da vacina indiana Covaxin, investigada pela CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid e pelo MPF (Ministério Público Federal).

“Não acho isso [que o discurso contra corrupção esteja abalado]. O que acontece? O presidente falou ontem uma coisa que é certa, ele não tem condições de controlar tudo que está acontecendo dentro do governo. Isso é uma realidade. Então, compete a cada ministro controlar o seu feudo. E, se for detectada alguma coisa que está irregular, você toma as providências de acordo com a lei.”

De acordo com matéria veiculada pelo jornal Folha de S. Paulo, o diretor de logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, é suspeito de cobrar propina de US$ 1 por dose em troca de assinar contrato.