Publicado em 24/04/2024 às 16:53, Atualizado em 24/04/2024 às 17:55
Discussão que começou na Assembleia Legislativa, motivou recolhimento de exemplares de ‘O Avesso da Pele’
Maioria dos deputados estaduais que levantaram a discussão que resultou o recolhimento do livro “O Avesso da Pele”, não concordaram com a decisão da SED (Secretaria de Estado de Educação) de devolver os exemplares para as escolas da REE (Rede Estadual de Ensino).
Desde ontem, todas as unidades começaram a receber novamente o material, com “orientações pedagógicas” para o uso. No entanto, a pasta não detalhou como o material será trabalhado em sala de aula.
Deputado estadual Rinaldo Modesto (Podemos) que apresentou o pedido de recolhimento ficou surpreso com a decisão. “Vou conversar com o governo para ver qual foi o encaminhamento. O próprio governador falou para mim que ia retirar. Eu continuo entendendo que existem mais de 70 obras que tratam desse tema. Respeito quem pensa diferente, mas ter um livro com aqueles adjetivos, não tem ponto de vista didática”, justificou.
Ele enviou mensagens para o secretário de Estado de Educação, Hélio Daher, perguntando os motivos de ‘voltar atrás’ da decisão, mas não tinha recebido uma resposta. “Vou conversar com secretário a respeito. Porque para mim, o livro está mais para contos eróticos”, acrescentou Modesto.
Para a deputada Lia Nogueira (PSDB) a decisão também foi errada. “Não é um livro apropriado para crianças de até 12 anos. Não deveria ser disponibilizado nas bibliotecas públicas. Seria algo em biblioteca privada, que adultos possam ter acesso”.
Vice-líder do governo, Pedro Pedrossian Neto (PSD) provocou os autores da decisão. “Se os favoráveis a devolução tivesse coragem de ler o trecho em plenário, teriam coragem de ler na sala de aula. Está além, não adequado. É um erro”.
A opinião é a mesma do deputado estadual Zé Teixeira (PSDB). “Aquele livro pelo trecho que eu li, não é sobre descriminação de pele, é um despreparo para dar uma criança que não tá preparada para aquilo. Ou tirar essa parte polêmica, que não é saudável”.
Neno Razuk (PL) endossou a crítica. “Já tinha sido retirado e não deveria ter voltado. É prejudicial e um erro retornar as escolas, por conta do conteúdo e palavras usadas. Não é educativo. O trecho é suficiente para o livro ser banido”
Já Roberto Hashioka (União Brasil) ponderou o trabalho da equipe que tomou a decisão da devolução. “Se a secretaria tomou essa decisão é porque foi através de profunda análise sobre o tema. Acolho o que os técnicos da pasta decidiram”.
Único favorável de forma declarada com a atitude do governo, presente na sessão desta quarta-feira (24), deputado estadual Pedro Kemp (PT), elogiou a decisão.
“Foi acertada. A secretaria teve o bom senso de disponibilizar o livro porque já passou por uma comissão de especialistas do MEC (Ministério da Educação) e ele recomendou o livro. É excelente o livro. Por conta de um trecho do livro que faz referência a uma relação sexual as pessoas acharam que o livro poderia ser inadequado. Esse debate prejudicou uma análise do livro como um todo. Ele trata de racismo. A secretaria dá oportunidade de o livro ser debatido de forma racional e sem paixões”, elogiou.
O assunto também foi defendido por Paulo Duarte (PSB). “Houve um critério para acima de 18 anos, foi estabelecido que essa devolução é importante. Mas algumas coisas tem que se buscar estabelecer limites. Muita gente discutiu sem nem ter lido. Eu li e tem uma página do ponto de vista mais agressivo. Mas eu digo que o Legislativo deve interferir menos na vida das famílias, quem deve definir limite são os pais. Se discute hoje muita pauta moral”. Com informações do Campograndenews.