Publicado em 13/12/2016 às 17:00, Atualizado em 13/12/2016 às 15:24
Para a PF, Palocci foi o responsável por fazer a interlocução com a Odebrecht e operar os pagamentos, viabilizando as duas operações.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi indiciado novamente na noite de ontem (12), sob suspeita de corrupção passiva, num inquérito da Operação Lava Jato.
Além dele, também foram indiciados, sob suspeita de lavagem de dinheiro, a ex-primeira-dama Marisa Letícia; o ex-ministro Antonio Palocci; seu assessor Branislav Kontic; o advogado de Lula, Roberto Teixeira; e os empresários Glaucos da Costamarques, primo do pecuarista José Carlos Bumlai, e Demerval de Souza Gusmão Filho, dono da construtora DAG.
O ex-presidente é acusado de ter se beneficiado de propina da empreiteira Odebrecht, usada na compra de um terreno que seria destinado ao Instituto Lula e também de um apartamento em São Bernardo do Campo, alugado por Marisa Letícia.
Para a PF, Palocci foi o responsável por fazer a interlocução com a Odebrecht e operar os pagamentos, viabilizando as duas operações.
O terreno onde seria instalado o Instituto Lula foi comprado pela DAG Construções, em 2010. Seu pagamento está listado em uma planilha apreendida com o "setor de operações estruturadas" da Odebrecht, responsável pelo pagamento de propinas.
Segundo a investigação, foi Palocci quem negociou a compra do imóvel com a Odebrecht, como parte de acertos entre a empreiteira e o PT. O instituto, porém, acabou sendo instalado em outro local.
Já o apartamento de São Bernardo, vizinho à cobertura onde Lula mora, foi comprado pelo empresário Glaucos da Costamarques, primo de Bumlai, que é amigo do ex-presidente. Ele é alugado por Marisa Letícia, em pagamentos declarados no Imposto de Renda, como um "apoio" para a família, segundo a defesa.
Para a PF, a operação foi feita para ocultar o verdadeiro dono do imóvel, que teria sido comprado com recursos também oriundos da Odebrecht.
OUTRO LADO
O ex-presidente Lula nega ter recebido qualquer tipo de vantagem indevida durante e depois de seu mandato na Presidência, e afirma estar sendo perseguido politicamente pela Lava Jato.
Para sua defesa, a acusação da compra do terreno destinado ao Instituto Lula "não tem materialidade" e é "um suposto favorecimento que nunca existiu, inventando uma sede que o instituto nunca teve, com o claro objetivo de difamar sua imagem".
Palocci, preso preventivamente em Curitiba, nega peremptoriamente que tenha intermediado propinas com a Odebrecht, e diz que era seu papel como ministro da Fazenda fazer a interlocução com o setor empresarial.
Em nota, o advogado de Lula, Roberto Teixeira, afirmou ser alvo de "abusos e retaliação" por parte do delegado federal Márcio Anselmo, responsável pelo indiciamento. Ele diz ter encaminhado respostas ao delegado na sexta à noite, "menos de um dia útil" antes do relatório final.
"[Foi uma] clara demonstração de que o ato já estava preparado e não havia efetivo interesse na apuração dos fatos", afirmou Teixeira.
O indiciamento é a conclusão do inquérito policial. Agora, caberá ao Ministério Público avaliar se há provas suficientes para levar o caso à Justiça e apresentar nova denúncia contra o ex-presidente.
Fonte - Folhapress