Publicado em 14/05/2023 às 10:31, Atualizado em 13/05/2023 às 20:04

Lideranças estaduais são favoráveis à criação de federação de MDB e PSDB

A possibilidade foi defendida pela ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, durante inauguração em Brasília

Redação,
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A ministra de Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, defendeu a criação da federação partidária - Ricardo Stuckert/PR

Durante a inauguração do Espaço Roberto Freire, em Brasília, na noite de quarta-feira, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, voltou a defender a adesão do MDB à federação de PSDB e Cidadania.

No dia seguinte, o presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, enviou mensagem a aliados com pedido de apoio à proposta, que enfrenta resistência no próprio partido e de uma ala do PSDB liderada pelo deputado federal Aécio Neves (MG).

“A vida está indicando que ou fazemos a ampliação ou vamos definhar ou até mais rapidamente morrermos”, disse Roberto Freire na mensagem. Em novembro do ano passado, o então marqueteiro da campanha de Simone Tebet à Presidência da República, Felipe Soutello, disse que uma federação poderia fortalecer os partidos de centro.

Na avaliação dele, seria muito importante se MDB, PSDB, Cidadania, Podemos e PDT se juntassem. “Precisa ter uma concentração de partidos para que esse miolo da sociedade consiga ter um respiro e se fortalecer. A federação MDB, PSDB, Cidadania, talvez Podemos, talvez PDT, é muito importante”, disse.

Para Felipe Soutello, era preciso fortalecer as lideranças porque o centro é especialista em jogar contra seu próprio time. Ainda no ano passado, os presidentes nacionais do Podemos, Renata Abreu, do PSDB, Bruno Araújo, do MDB, Baleia Rossi, e do Cidadania, Roberto Freitas, chegaram a se encontrar para discutir a criação de uma federação e até colocaram na mesa a possibilidade de se fundirem, mas as conversas não avançaram.

REPERCUSSÃO

O Correio do Estado aproveitou a volta do assunto para a pauta de discussão e procurou algumas lideranças estaduais do MDB e PSDB em Mato Grosso do Sul, e a maioria tem o mesmo pensamento da ministra Simone Tebet, mas, mesmo assim, considera muito difícil em nível de Brasil.

O ex-ministro da Secretaria de Governo na gestão de Michel Temer Carlos Marun, membro da executiva nacional do MDB, disse ao Correio do Estado que vê a possibilidade como um bom caminho, mesmo que nesse caminho existam muitos obstáculos.

“A existência da federação exige que os partidos que a compõem durante o prazo de sua existência atuem praticamente como um só partido. Então, terão de lançar chapas conjuntas, tanto para as eleições proporcionais quanto para as eleições majoritárias”, reforçou Marun.

Ele ainda disse que isso significaria, por exemplo, que, em todos os municípios do Brasil, nas próximas eleições municipais, esses três partidos estivessem juntos e em torno de uma única candidatura.

“Então, aí é possível avaliar as dificuldades. Agora, o presidente Baleia Rossi é um entusiasta disso. São partidos de centro, estivemos juntos apoiando a candidatura de Simone Tebet nas últimas eleições presidenciais e, repito, eu também me incluo entre aqueles que pensam que esse caminho deve ser tentado e com muita perseverança”, afirmou o ex-ministro.

O ex-governador André Puccinelli (MDB), presidente honorário do partido em MS, também foi procurado pela reportagem para dar seu parecer sobre essa possível federação partidária do seu partido com o PSDB. No entanto, ele não quis comentar a possibilidade, pois não era um fato concreto.

O Correio do Estado também entrou em contato com o ex-governador Reinaldo Azambuja, que é o presidente estadual do PSDB em MS, e ele se disse favorável à criação de uma federação com o MDB.

“No ano passado, quando surgiu essa discussão, eu fui um dos favoráveis no PSDB. Algumas vozes no partido foram contra, mas continuo sendo a favor. Acredito que aqui em Mato Grosso do Sul não teria nenhum problema”, garantiu.

Já o deputado federal Beto Pereira (PSDB-MS), ex-prefeito de Terenos e pré-candidato a prefeito de Campo Grande, também é um entusiasta da possibilidade de uma federação partidária com o MDB.

“Acredito ser importante para os partidos na eleição municipal. Principalmente observando a conjuntura nacional”, declarou, considerando que, em nível de Mato Grosso do Sul, não teria problema, mas, em escala nacional, talvez se tenha muitas dificuldades, pois há muitas diferenças regionais.

SAIBA

A Lei nº 14.208, sancionada em 28 de setembro de 2021, é responsável por regulamentar a criação de federações partidárias no Brasil. Seu conceito está expresso no Artigo 11-A:

Dois ou mais partidos políticos poderão reunir-se em federação, a qual, após sua constituição e respectivo registro perante o TSE, atuará como se fosse uma única agremiação partidária. A federação partidária permite que dois ou mais partidos políticos se unam não somente nas eleições, mas também durante a legislatura. Essa união ocorrerá no período que vai desde o período eleitoral até o fim dos quatro anos do mandato.