Publicado em 23/08/2012 às 06:19, Atualizado em 27/07/2016 às 11:24
Puccinelli e o PMDB negam qualquer tipo de coerção aos servidores.
A Justiça Eleitoral determinou nesta terça-feira (21) a busca e apreensão de um vídeo em que o governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), aparece supostamente coagindo funcionários de órgãos estaduais a votar em determinados candidatos em uma reunião. O pedido foi feito pelo Ministério Público e, a decisão judicial, expedida pela juíza da 8ª Zona Eleitoral, Denise de Barros Dódero.
A assessoria do Tribunal Regional Eleitoral (TRE/MS) informou ao G1 que a magistrada determinou que o material fosse apreendido e encaminhado para a Polícia Federal (PF) para realização de perícia, com a degravação e identificação da voz dos participantes.
Defesa A assessoria de Puccinelli confirmou a reunião com servidores comissionados da Secretaria Estadual de Trabalho e Assistência Social, mas informou que foi fora do expediente de órgão público. Teria sido na sede do PMDB, e os servidores foram convidados, e não convocados. A assessoria disse ainda que o governador cumpre a jornada de trabalho de seis horas e depois ele usa o tempo para fazer campanha.
O G1 ouviu, também, a pastora Marta, candidata a vereadora citada em trecho do vídeo. Ela disse que não vai tomar nenhuma atitude em relação ao material divulgado. O candidato Edil, também citado, foi procurado, mas não atendeu a ligação. A assessoria informou que ele estava em reunião e que retornaria mais tarde.
Vídeo No vídeo que circula na internet, o governador estaria supostamente em uma reunião política com servidores estaduais onde ele lê nomes e pergunta o voto dos servidores. Na gravação, que agora será periciada pela PF, os supostos funcionários, que teriam cargo comissionado, informam em quem vão votar para prefeito e vereador.
Em um dos trechos da gravação, Puccinelli chama uma servidora.Puccinelli: [chama uma funcionária]Servidora: Giroto e Pastora MartaPuccinelli: Fala pra pastora Marta que ela pôs o Giroto no microscópico, que eu tenho que comprar uma luneta pra enxergar .Servidora: Mas no meu carro tá grandePuccinelli: Se ela não colocar grande no carro dela, eu vou girotear a Marta.Servidora: O meu tá no carro com emblema grande!Puccinelli: Então fala pra ela que eu disse...O do Giroto tem que ser daquele fechado no vidro traseiro do carro. Não tem que dar mole pra vereador!
Em outro trecho, Puccinelli sugere nome de um candidato ao servidor.Puccinelli: [chama outro funcionário]Servidor: Edil e Giroto.Puccinelli: Edil e Giroto. [chama funcionário de novo]... Edil e Giroto? Então nós vamos pôr pra votar para a Carla aqui, tá bom?Servidor: Tá bom.Puccinelli: Agora mudou, tá bom?Servidor: Tudo bem.
OAB O vídeo também chegou, por meio de denúncia, à Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso do Sul (OAB/MS) pelo site Eleições Limpas 2012. Conforme a OAB/MS, a reunião teria sido realizada em 10 de agosto e a denúncia foi encaminhada ao TRE e ao Ministério Público Eleitoral.
Confira, na íntegra, a nota do PMDB sobre o caso:
O Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e a coligação Mais Trabalho por Campo Grande rebateram as acusações feitas contra André Puccinelli, após veiculação de um vídeo manipulado no qual o governador aparece conversando com lideranças, militantes, simpatizantes e filiados do partido as projeções do quadro político para as eleições deste ano.
A edição no vídeo é uma prova clara da tentativa de desmoralização e descrédito da campanha do grupo, sob a alegação de que Puccinelli estaria obrigando eleitores a votar nos candidatos governistas, lideranças do âmbito municipal e estadual do partido manifestaram-se para esclarecer e alertar sobre interesses eleitoreiros por trás das imagens.
O presidente estadual do PMDB, Esacheu Nascimento, frisou que a reunião aconteceu no auditório da sede do partido, fora do horário de expediente e que a presença do governador não configurava a atuação de líder do executivo estadual, mas sim como um dos coordenadores do processo de sucessão à prefeitura de Campo Grande e disposição das cadeiras do legislativo municipal. Aquele vídeo não mostra nenhuma pressão por parte do André, ele não estava ali como governador, mas sim como correligionário, destacou.
O líder do partido na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, deputado estadual Eduardo Rocha, rebateu as acusações na sessão da última quinta-feira (16). A reunião foi publica, não temos nada a esconder. Uma reunião aberta onde foram debatidos os rumos do partido na sucessão municipal. O vídeo é uma manipulação grosseira. O nome do governador também foi defendido pelo deputado Antônio Carlos Arroyo (PR). Tem muita fantasia nestas denúncias, resumiu.
Para o deputado estadual Junior Mochi, líder do governo na Assembleia Legislativa, disse que o que as imagens mostram a solicitação de Puccinelli para que os presentes manifestassem suas intenções em relação ao pleito. Além disso, como correligionário, ele fez recomendações daquilo que ele acredita ser o melhor quadro para o grupo político na futura administração e pediu o apoio dos presentes, explica.
A presidente do diretório municipal do PMDB, Carla Stephanini, afirmou que em momento algum as imagens revelaram qualquer indício de irregularidade. O que aconteceu foi uma reunião de militantes onde a campanha eleitoral foi discutida amplamente. A reunião era aberta, a ela teve acesso quem quis. Ninguém foi obrigado a ir, declarou.
A análise das imagens ainda revela manipulação, por meio da edição de vídeo e o diálogo entre duas pessoas que comentam sobre uma exoneração, que em momento algum foi mencionada pelo governador André Puccinelli. O vídeo veiculado não faz qualquer alusão ao fato de que os interlocutores sejam servidores públicos estaduais. A direção do partido informou que a reunião aconteceu nas dependências do diretório, fora do horário de expediente e que os simpatizantes do partido compareceram espontaneamente.
Para os governistas a denúncia traduz uma tentativa de mácula e reversão do cenário político que aponta preferência pela candidatura de Edson Giroto, candidato peemedebista citado em primeiro lugar nas pesquisas de intenções de voto. ACS PMDB