O MP (Ministério Público) denunciou o ex-deputado federal Jean Wyllys à Justiça por injúria contra o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), devido a uma publicação em uma rede social. Ela foi removida por Wyllys depois de uma decisão judicial, tomada após denúncia do governador.
Caso a Justiça aceite a denúncia do MP, Jean Wyllys se torna réu no processo e pode começar a ser julgado.
Na publicação, feita em 14 de julho, Jean Wyllys criticou o governador pela decisão de manter as escolas cívico-militares no estado. Nela, o ex-deputado escreve que "gays com homofobia internalizada em geral desenvolvem libido e fetiches em relação ao autoritarismo e aos uniformes".
A promotora Claudia Lenz Rosa, do MP, avalia que Wyllys ofendeu "a dignidade e o decoro [de Eduardo Leite], em razão de sua orientação sexual". Ela ainda afirma que "sob o pretexto de criticar um anúncio feito pela vítima, (...) o denunciado usou a mencionada rede social para fazer uma postagem ofensiva à orientação sexual da vítima" e que "ao dirigir sua crítica a atributos pessoais da vítima, relacionados à sua orientação sexual, quando poderia limitar-se a crítica do fato, objeto da inconformidade, o denunciado extrapolou a liberdade de expressão e atingiu deliberadamente e com animus injuriandi (intenção de injuriar), a honra subjetiva da vítima".
O MP também pede fixação de valor mínimo para reparação dos danos causados a Leite.
O bate-boca
Leite e Wyllys discutiram no Twitter no dia 14 de julho, após o g1 ter publicado uma notícia de que o estado vai manter as escolas cívico-militares. O bate-boca gerou quase 4 milhões de visualizações e dominou os assuntos em alta no dia nos últimos dias.
Entenda, abaixo, o que aconteceu.
Qual o motivo da discussão?
Como começou a discussão?
Como o governador do RS reagiu?
Qual o motivo da discussão?
Eduardo Leite publicou em seu perfil no Twitter um print da reportagem do g1 e disse que o governo do Rio Grande do Sul iria manter as escolas cívico-militares. Atualmente, há 18 instituições estaduais nesse modelo.
Como começou a discussão?
Jean Wyllys fez uma publicação em resposta a de Leite, acompanhada de um print da postagem do governador, criticando a medida, mas, principalmente, o fato da decisão ter partido de um político assumidamente gay.
Leite foi o primeiro presidenciável a admitir publicamente sua homossexualidade. Isso ocorreu em 2021, durante entrevista a Pedro Bial.
Para tentar explicar a razão do governador gaúcho ter mantido as escolas cívico-militares, disse que se tratava de "homofobia internalizada".
"Que governadores heteros de direita e extrema-direita fizessem isso já era esperado. Mas de um gay…? Se bem que gays com homofobia internalizada em geral desenvolvem libido e fetiches em relação ao autoritarismo e aos uniformes; se for branco e rico então… Tá feio, bee!", diz o tweet.
Como o governador do RS reagiu?
Leite chamou Wyllys de "ignorante", pois sua fala "em nada contribui para construir uma sociedade com mais respeito e tolerância". Veja:
Para Leite, que já disse ser um "governador gay" e não um "gay governador", as pautas LGBTQIA+ não entram em conflito com a defesa de uma política de manutenção, por exemplo, de um programa cívico-militar, apesar do histórico de embate entre os grupos.
"Nesse Brasil com pouca integridade, nesse momento, a gente precisa debater o que se é, para que se fique claro e não se tenha nada a esconder", disse em entrevista a Bial.
Fonte - G1
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