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24/04/2023 às 12:00, Atualizado em 24/04/2023 às 10:52

Indígenas de MS acampam no DF contra marco temporal e soja no Pantanal

Acampamento Terra Livre ocorre anualmente na capital federal desde 2004

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(Foto: Kamikia Kisedje/Apib) 

Representantes de diferentes etnias indígenas presentes em Mato Grosso do Sul estão a caminho de Brasília (DF) neste domingo (23) para participarem do Acampamento Terra Livre, que ocorre anualmente na capital federal desde 2004.

Um ônibus que saiu do Estado com 53 passageiros das etnias Terena, Kadiwéu e Kinikinau chegará ainda pela manhã na Praça da Cidadania brasiliense. Os indígenas saíram dos municípios de Miranda, Bonito, Jardim, Campo Grande, Aquidauana, Sidrolândia, Nioaque e Dois Irmãos do Buriti.

Liderança na Comunidade Boa Esperança, o terena Edno organiza a delegação. Ele afirma que as principais reivindicações levadas pelo grupo são o fim do cultivo de soja no Pantanal sul-mato-grossense, a celeridade nas demarcações de terras e a declaração de inconstitucionalidade pelo STF (Supremo Tribunal Federal) do PL (Projeto de Lei) 490/2017, que propõe que territórios indígenas sejam demarcados conforme o marco temporal da Constituição Federal.

"A plantação de soja ameaça o Pantanal. Os produtores querem fazer dreno na região alagada. Na comunidade Lalima, do povo Terena, tem um rio ao sul da aldeia que já é afetado pelo plantio. Nos preocupamos com a qualidade da água e a saúde da comunidade", alerta Edno.

A expectativa é que os indígenas tenham um encontro com o presidente Lula (PT) na quarta-feira (26). "Na discussão sobre o PL, esperamos que o presidente esteja lá para passar novidades boas para nós", afirma o líder terena. No dia 31 de março de 2023, o chefe do Executivo federal pediu ao Congresso que o projeto fosse rejeitado e arquivado.

Violência - Mais delegações sul-mato-grossenses estão chegando em Brasília de ônibus. Outra é formada por 56 indígenas do povo Guarani-Kawioá e Guarani-Ñandeva.

Representante dos guarani-kaiowá da região Conesul do Estado, Simão Mendes acrescenta que a violência sofrida por essas etnias será outra pauta levada para a mobilização nacional.

"A questão da terra, que é prioridade para nós, está relacionada com a violência. Queremos demarcação para não corrermos o risco de ser assinados mais", reivindica Simão.

As pautas não terminam aí. Saúde, saneamento básico e educação são outras demandas urgentes do povo Guarani dos municípios de Caarapó, Amambai, Iguatemi, Paranhos e Tacuru, diz ainda o representante indígena do Conesul.

Acampamento - O Acampamento Terra Livre é realizado pela Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) e considerado a maior mobilização indígena do Brasil. Este ano, ele acontece entre os dias 24 e 28 de abril.

Decretar emergência climática para enfrentar o racismo ambiental e as violações de direitos causadas pelas mudanças no clima, é o que os indígenas farão para orientar os debates deste ano, de acordo com nota publicada no site oficial da organização.

As estruturas para o acampamento começaram a ser montadas pela manhã. A previsão é de que cerca de 8 mil indígenas de vários estados brasileiros se reúnam em Brasília em apoio à mobilização.

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