Publicado em 27/03/2013 às 14:34, Atualizado em 27/07/2016 às 11:24
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O presidente da Associação Estadual dos Direitos das Comunidades Indígenas, o terena Danilo Oliveira, apresentou nesta terça-feira (26) à deputada estadual Mara Caseiro (PTdoB), presidente da comissão de Desenvolvimento Agrário e Assuntos Indígenas da Assembleia Legislativa, o projeto Aldeia em Ação, que prevê mais estrutura para a população que reside nessas localidades.
Na prática, a proposta prevê um olhar diferenciado para estas populações e propõe um novo modo de aplicar os recursos destinados aos povos indígenas de Mato Grosso do Sul. Hoje, os indígenas reclamam de pouca estrutura para saúde, educação, preparação para o mercado de trabalho e preparação do solo para agricultura.
A consequência dessa falta de aparelhamento social é, de acordo com o presidente da associação, o alcoolismo, a prostituição, a desnutrição infantil e o suicídio, entre outros males. Ele acredita que um novo planejamento dos gastos de verbas oriundas do governo pode dar um novo rumo a essa problemática.
Danilo afirma que hoje os gastos governamentais com os povos indígenas são voltados para a construção de unidades habitacionais e a compra de equipamentos agrícolas, como patrulhas mecanizadas, sementes e óleo diesel, quando a preparação do solo hoje extremamente desgastado seria a primeira atitude a ser tomada.
Não adianta equipamento sem um solo preparado, pois a plantação não vinga, detalhou.
Dados apresentados pelo indígena durante a exposição do projeto revelam que hoje existem em Mato Grosso do Sul cerca de 70 mil índios, espalhados em 26 municípios. Apesar de o território dessas aldeias totalizar mais de 613 mil hectares, a associação afirma que pouco mais de 6 mil hectares são de terras agricultáveis. Daí a guerra com os fazendeiros pelo aumento do território.
Danilo Oliveira afirma que nem todos entendem a luta dos povos indígenas pela demarcação de terras.
A maioria das pessoas acredita em um clamor sem razão, que pode colocar em risco um Estado produtivo, mas muitas comunidades querem as terras para também produzir. O problema é que ninguém apresenta uma saída para essa celeuma. Não queremos o confronto, mas é uma situação muito difícil, afirmou.
SAÚDE E EDUCAÇÃO
Uma das vertentes do projeto Aldeia em Ação é a estruturação das aldeias com profissionais e atividades em saúde, educação e preparação para o mercado de trabalho.
Hoje, os indígenas não têm acesso a especialidades médicas, ou seja, contam apenas com o atendimento de um clínico geral. O projeto prevê esse suporte aos moradores das aldeias, além do atendimento odontológico.
Além disso, o Aldeia em Ação visa a promoção de cursos profissionalizantes, apoio ao artesanato, reforço escolar, acesso ao esporte, centro digital com acesso à internet, educação alimentar e de planejamento familiar.
O projeto já foi apresentado ao governador André Puccinelli (PMDB), mas não teve andamento devido ao custo considerado alto, cerca de R$ 45 milhões por ano. No entanto, de acordo com Danilo Oliveira, esse montante pode ser enxugado por meio de parceiras. Além disso, boa parte dessa verba já é aplicada, mas de maneira não satisfatória.
A deputada Mara Caseiro conversou recentemente com o senador Ruben Figueiró, que disse estar bastante preocupado com esse problema. A ideia dele é promover uma audiência pública no Congresso Nacional para discutir não só a questão das invasões de terras, mas políticas públicas como esta apresentada pela associação, visando dar um novo rumo aos investimentos voltados para as populações indígenas.
O que temos de fazer é dar um novo foco para essa questão indígena, tentando evitar o conflito no campo, comentou a parlamentar.
Além de Danilo Oliveira, também participaram da reunião os índios terena Marcos Lhanos Vargas e Lídio Vargas, da aldeia Ipegue, em Aquidauana.