A pré-candidatura da senadora sul-mato-grossense Simone Tebet (MDB) à Presidência da República tem sofrido uma conspiração abarcada por “grandões” da própria legenda. Há partidários emedebistas querendo apoiar o ex-presidente Lula.
Desde que foi anunciada pelo comando nacional do MDB como a pré-candidata à sucessão do presidente Jair Bolsonaro (PL), em dezembro, a senadora, vibrante com a perspectiva de concorrer ao cargo máximo do País, cumpre cansativo expediente em Brasília, incluindo diárias entrevistas a emissoras de rádio, tevê, sites e jornais de todo o País. E o assunto tratado? Eleições presidenciais e ela como a opção do partido na briga pelo Planalto.
Ainda assim, até colegas seus de legenda empenham-se em desacreditar no potencial político da senadora.
Ontem, por exemplo, o ex-presidente Lula e pré-candidato do PT viajou para Brasília e lá deve ficar por três dias.
À noite, ele ia jantar na casa de Eunício Oliveira, ex-senador cearense, e um grupo de influentes emedebistas, entre eles, o senador Renan Calheiros (Alagoas).
Antes, Lula conversou com o ex-senador José Sarney, também do MDB, partido de Simone há duas décadas, desde que foi eleita deputada estadual.
A MANOBRA
Pelo menos metade dos diretórios estaduais do MDB vê em Lula o parceiro certo para as eleições de outubro.
O jornal Correio Braziliense publicou ontem à tarde em seu site que, no MDB, 14 diretórios estaduais apoiam a candidatura do petista, dos quais pelo menos nove ficam no Nordeste.
Simone, que não iria ao jantar dos emedebistas históricos, percebeu a eventual estratégia de Lula para neutralizar sua pré-candidatura e agiu ainda ontem à tarde.
No início da noite, o site O Antagonista noticiou que a senadora de MS havia se encontrado em São Paulo com o ex-presidente Michel Temer, emedebista, e também com o presidente nacional da legenda, Baleia Rossi.
Ao site, a assessoria da senadora informou que a reunida mantida com Temer e Rossi teria sido promovida para debater “os fatos que mostram o fortalecimento da pré-candidatura de Simone ao Planalto”.
No entanto, o site completou a informação dizendo que a visita de Tebet a Temer faria parte de uma articulação para tentar neutralizar a mobilização pró-Lula de setores do MDB.
Ainda ontem à noite, depois do encontro com Simone, o comandante do MDB, Rossi, escreveu no Twiter uma mensagem de apoio à senadora sul-mato-grossense.
“O MDB é um partido democrático. Toma as decisões por maioria e respeita as minorias. Há meses, mesmo com diferenças regionais, há uma ampla maioria formada a favor da candidatura própria”, pontuou o emedebista.
O MDB, União Brasil e PSDB preparam uma aliança para as eleições, a conhecida terceira via. A intenção é juntar os pré-candidatos e escolher um para a disputa.
Além de Simone, concorre à preferência o ex-governador de SP João Doria (PSDB), e o União Brasil prometeu anunciar o nome de seu candidato nesta semana.
ÚNICO PLANO
Semana passada, o deputado estadual Eduardo Rocha, emedebista também e marido de Simone, disse ao Correio do Estado que a senadora não tinha “outro plano” para as eleições de 2022 a não ser o de concorrer ao Planalto.
O MDB, segundo o presidente regional, Junior Mochi, não abre mão da candidatura do ex-governador André Puccinelli nem de Simone.
O mandato da senadora expira no fim de janeiro de 2023.
MDB tem dificuldade em meio a polarização
Se os políticos do MDB da Região Nordeste têm demonstrado simpatia (e até mesmo apoio) à pré-candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no Centro-Sul do Brasil, as bases emedebistas também não demonstram empenho com a 3ª via.
Em Mato Grosso do Sul e outros estados, como o Paraná, a maioria apoia, ainda que veladamente, Jair Bolsonaro (PL).
Conteúdo - Correio do Estado
Comentários
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.