Publicado em 24/04/2024 às 11:00, Atualizado em 24/04/2024 às 10:53

Governo devolve livro polêmico às escolas estaduais

"O Avesso da Pele" foi recolhido após pressão de deputados estaduais, mas passou por análise e foi aprovada

Redação,
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Capa do livro "O Avesso da Pele", do escritor e professor Jeferson Tenório. (Foto Divulgação)

Depois de muita polêmica, a Secretaria de Educação do Estado vai devolver à rede pública o livro "O Avesso da Pele", recolhido depois de protestos sobre o vocabulário usado pelo autor, considerado inadequado para os alunos. Segundo a SED, após "análise realizada pela equipe técnica da pasta, a obra está em processo de devolução para as bibliotecas das unidades escolares da Rede Estadual de Ensino, com as orientações pedagógicas quanto à indicação de uso".

De 349 unidades escolares da Rede Estadual de Ensino, 75 já haviam recebido. Mas a SED não informa se, além das que já tinham a obra no acervo, as demais também receberão agora que o livro foi liberado. A secretaria também não detalha quais as orientações que serão repassadas aos professores para uso do material com os estudantes.

Na manhã de hoje, a deputada estadual Gleice Jane (PT) tentou emplacar requerimento para pedir explicações ao governo estadual sobre a destinação dos exemplares, que em março foram retirados das escolas estaduais de Mato Grosso do Sul. A deputada também questionou se havia sido feita análise técnica por profissionais da educação. A resposta veio nesta tarde.

Pela reação dos deputados na sessão desta terça-feira, a polêmica não deve parar por aí. Foi justamente o Legislativo que levantou o assunto, questionando o teor da obra e cobrando medidas do Governo do Estado.

Hoje, ao se recusar a assinar o requerimento da colega, o deputado estadual Zé Teixeira (PSDB) disse que “não daria para minha neta esse livro, que deveria ser para maiores de 21 anos". A petista respondeu que “família que educa; na escola, é só o saber”.

Mato Grosso do Sul resolveu abolir o livro ‘O Avesso da Pele’, do escritor e professor Jeferson Tenório, das escolas estaduais depois da cobrança do deputado Rinaldo Modesto, que chamou o livro de "nojento", pelas “expressões impróprias” para menores de 18 anos.

Adotada pelo Ministério da Educação como parte do Programa Nacional do Livro e do Material Didático, desde 2022, a obra da editora Companhia das Letras tem sido questionada por usar palavrões e falar abertamente de sexo.

Na época do recolhimento, a Secretaria Estadual de Educação informou que o próprio governador Eduardo Riedel determinou a retirada das bibliotecas da Rede Estadual de Ensino. "Por determinação do governador Eduardo Riedel, e após avaliação da SED da obra 'O avesso da pele', distribuída pelo Ministério da Educação, haverá recolhimento imediato dos exemplares", justificou.

Ganhador do Jabuti, principal prêmio literário brasileiro, o livro trabalha identidade, racismo e violência como temas centrais. Consta, inclusive, da lista de livros obrigatórios de vestibulares importantes no Brasil, com do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), considerado um dos mais concorridos de todo o país.

A obra havia sido censurada em Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Goiás e Paraná.

Com informações do Campograndenews