Depois de muitos anos de debates e idas e vindas, foi anunciado nesta sexta-feira, dia 06-12, que as negociações chegaram a um acordo sobre o acordo Mercosul e União Europeia para livre comércio, cenário que pode favorecer Mato Grosso do Sul com a exportação de carne e grãos. A notícia foi divulgada em Montevideu, onde presidentes sul-americanos e lideranças dos dois blocos se reuniram.
As restrições ambientais dos países europeus, em especial a França, e até mesmo recuo da Argentina após a eleição do atual presidente Javier Milei, acabaram prejudicando as negociações. O Brasil chegou a enviar missões à sede da União Europeia, em Bruxelas, para defender a preocupação ambiental do Brasil com as atividades produtivas.
O bloco rejeita a possibilidade de aquisição de produtos originados em áreas de desmatamento. Chegou a mudar legislação, criando maior rigor. Pelo Estado, o secretário de Estado Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck, participou de reuniões e defendeu a sustentabilidade da produção.
Na divulgação de que vai sair o acordo, após 25 anos de tentativas, estavam os presidentes Lula (Brasil), Milei (Argentina), Luis Lacalle Pou (Uruguai) e Santiago Peña (Paraguai) e a chefe da Comissão Europeia, a alemã Ursula von der Leyen. O tom foi de cooperação entre os blocos, em um aceno contra defensores do protecionismo. Recentemente, na França, houve manifestações de boicote à carne brasileira, como as falas do CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, como meio de pressão contra o acordo. Os produtores do País reclamam que há tolerância com outros países, enquanto para os franceses há excesso de limites ambientais para a atividade rural.
O governador do Estado, Eduardo Riedel, reprovou a conduta, dizendo que prejudicava as relações comerciais. Outros políticos do Estado também repudiaram as falas e houve até movimento de frigoríficos brasileiros de parar de vender carne àquele país, mas o clima se arrefeceu após um recuo do executivo europeu.
"Estamos enviando uma clara mensagem: num mundo em confrontação, nós mostramos que democracias podem vigorar. Isso é uma necessidade política, não apenas econômica", disse Ursula, que citou o esforço brasileiro na preservação da Amazônia, segundo a Folha de SP.
"No Mercosul não temos todos a mesma ideologia", seguiu o centro-direitista. "E todos sabemos o fácil que é destruir, mas o difícil que é construir. Nossa responsabilidade foi tirar o que nos desune e ficar no virtuoso: união e acordo."
Deverá ser adotada uma estratégia de avançar nas medidas comerciais do acordo enquanto os termos ainda passem pela aprovação nos parlamentos, nos países, estados e no Parlamento Europeu.
O Brasil encabeçou as tratativas pelo bloco sul-americano e foram acordados alguns aspectos para chegar ao acordo, como a possibilidade de maior participação dos europeus em compras públicas no País.
Conforme a Folha, o tratado deve envolver um mercado comum de 718 milhões de pessoas em economias que, somadas, chegam a US$ 22 trilhões. Os termos finais do acordo ainda serão tornados públicos, mas se sabe que para o Mercosul, serão zeradas ou reduzidas tarifas de exportação para a UE de cerca de 70% a 90% dos produtos. O bloco europeu tem interesse sobre a produção do agro, o que favorece o Brasil. O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) considera que o país pode ter um crescimento de 0,46% do PIB (produto interno bruto), equivalente a US$ 9,3 bilhões a preços constantes de 2023.
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