Publicado em 26/07/2024 às 16:30, Atualizado em 26/07/2024 às 15:14
Proprietários rurais denunciam interesse pessoal em incêndios que se alastram por mais de 100 dias
Depois de mais de 100 dias de queimadas e de ações de combate, o Presidente da República, Lula (PT), vem a Mato Grosso do Sul para acompanhar as ações de combate aos incêndios florestais no Pantanal e anunciar investimentos do Ministério da Educação. A visita está marcada para acontecer no dia 31 de julho, às 10 h, na Brigada Pronto Emprego, em Corumbá.
A informação foi confirmada ao Jornal O Estado via assessoria da deputada federal Camila Jara (PT). A visita já tinha sido comentada pelo presidente durante apresentação de recursos para o bioma. Além de Lula, já visitaram o Pantanal, as ministras do Orçamento e Planejamento, Simone Tebet (MDB), do Meio Ambiente, Marina Silva e o ministro do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes.
A primeira agenda em Corumbá aconteceu em 28 de junho, quando incêndios de grandes proporções causaram a devastação no bioma. A segunda visita ao município foi em 16 de julho, após anúncio de R$ 237 milhões para ações de combate aos incêndios.
O momento também servirá para ampliar os debates e discussões entre fazendeiros e proprietários rurais da região, que em entrevista ao Jornal O Estado voltaram a denunciar a suposta ação de ONGS no Pantanal. Segundo eles, os donos de propriedades rurais no bioma que fazem parte de Ong de preservação em regiões pantaneiras são os que mais estão causando danos ao patrimônio, fora os focos que margeiam o Rio Paraguai, segundo moradores da região.
Morando na região Pantaneira, Pedro Lacerda revelou a reportagem do jornal O Estado que há aproximadamente 30 dias, funcionários foram fazer treinamento de brigadistas na Fazenda Caiman , e não conseguiram conter o fogo, causando pânico e queimada gigantesca na região que naquela época não possuía focos de incêndio. “Mais áreas de ONG queimando. Por certo serão multados todos os vizinhos para onde o fogo se espalhou. As ONG, RPPNs , parques como sempre recebem dinheiro. Se recebem dinheiro para proteger, conservar, por que essas áreas tem queimadas”, questionou.
Lacerda acrescenta ainda que desta vez o fogo começou na Fazenda Tupaceretã, as chamas que começaram no local estão se espalhando rapidamente. “Coincidência é as terras que foram queimadas são multadas. Os proprietários com as multas espoliativas, para pagar a multa e tentar receber alguma verba, vendem suas áreas para quem?.Tem diretor de ONG, RPPNs, parques enriquecendo às custas do pantanal”, explicou Lacerda.
Ações de combate
Para combater as chamas o Governo de Mato Grosso do Sul deu início a Operação Pantanal que completa 116 dias –, desde o início da semana os bombeiros e demais militares atuaram na área da região do Rabicho, que está sob controle e monitoramento.
No boletim semanal da Operação Pantanal mostra que até agora a área queimada é de quase 607 mil hectares, aumento de mais de 2.397% em relação ao ano passado. Os focos de calor ultrapassam 3,2 mil, também com aumento, superior a 1.449% em comparação com 2023.
Os municípios de Aquidauana, Bodoquena, Bonito, Corumbá, Coxim, Deodápolis, Douradina, Dourados, Naviraí, Niaque, Porto Murtinho e Sidrolândia tiveram situação emergência decretada e reconhecida pela União, em relação aos incêndios florestais.
Na semana passada, o governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, recebeu – pela segunda vez em menos de 30 dias – em Corumbá, a comitiva ministerial formada pelas ministras Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima), Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) e pelo ministro Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional), para acompanhar os trabalhos de combate aos incêndios florestais no Pantanal.
Também foi oficializada a entrega de mais recursos, de aproximadamente R$ 137,6 milhões, para manutenção dos trabalhos que podem se estender até outubro devido a temporada de forte calor e seca severa, prevista para durar todo este período no Estado, em especial na região pantaneira. Os recursos se somam aos R$ 50 milhões já aplicados pelo Governo do Estado de Mato Grosso do Sul no combate aos incêndios.
Por Thays Schneider e Daniela Lacerda