Publicado em 05/09/2024 às 08:13, Atualizado em 05/09/2024 às 11:33

Escolha de Lira para sucessor racha bloco mais poderoso da Câmara

O chefe da Casa acabou por dividir seu bloco de aliados ao escolher um sucessor para a presidência

Redação,
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Foto - Reprodução

A escolha de Hugo Motta (Republicanos) como nome em consenso de Arthur Lira (PP) para a sucessão da Câmara ainda enfrenta sequelas. Embora a decisão tenha saído na última quarta-feira (04), o quebra-cabeça para eleger o próximo presidente do Legislativo brasileiro está a todo vapor, principalmente com a decisão de Elmar Nascimento (União) de se manter na disputa.

Segundo informações do G1 e confirmadas pelo Portal iG - Último Segundo, Lira optou por apoiar Hugo em detrimento de Elmar, ainda que o último fosse o favorito para unir o grupo do atual presidente da Casa e também outras siglas do Centrão e do bolsonarismo.

Por outro lado, Motta conseguiu costurar o apoio após um movimento arriscado, porém calculado do presidente do Republicanos, Marcos Pereira, que abriu mão da presidência para apoiar o colega.

Antes do martelo ser batido, Pereira procurou Gilberto Kassab, presidente do PSD e cobrou o apoio do cacique político. Porém, o Secretário de Governo e Relações Internacionais do Estado de São Paulo preferiu não cravar os votos da sigla para o aliado histórico.

Nem mesmo a proximidade dele com Tarcísio de Freitas, governador do estado e filiado ao Republicanos, conseguiu fazê-lo tomar a decisão.

Com a saída de Pereira, o nome de Hugo Motta ganhou força por ser de consenso em vários grupos do Congresso. O deputado federal esteve reunido com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e conseguiu viabilizar o apoio da legenda.

Lira fez a ponta com o presidente Lula (PT) que, embora garantiu que não vá se intrometer na votação, costurou um acordo com o atual chefe do Legislativo para vetar algum nome. O petista irá se reunir com Motta novamente nos próximos dias.

Diante deste cenário, Lira irá começar a trabalhar em prol de Motta, mas a tarefa não será tão simples. Mesmo sendo considerado um dos homens mais poderosos da República, depois de dar protagonismo ao Congresso Nacional durante o governo de Jair Bolsonaro com a aprovação das emendas impositivas e do Orçamento Secreto, o jogo de xadrez de Elmar Nascimento pode complicar.

União Brasil e sua liderança

Isso porque o União lidera um bloco grande e, com a saída de Marcos Pereira da disputa atirando contra Kassab, pode levar o PSD para o grupo de Elmar.

Neste cenário, Nascimento pretende reunir líderes que se opõem a Lira e pode, inclusive, tentar atrair partidos de esquerda e o próprio PT.

O movimento de Lira, embora calculado, pode tê-lo enfraquecido e faz referência ao seu antecessor, Rodrigo Maia (PSDB). Considerado um dos nomes mais fortes do país durante seus mandatos à frente do Congresso, a demora para escolher um nome de consenso o fez perder a sucessão.

À época, ele apoiou Baleia Rossi (MDB) e viu seu candidato afundar diante do apoio de Bolsonaro a Lira, que venceu de 302 a 145 votos.

A eleição só acontece ano que vem, mas a partir de agora os dois candidatos começam o périplo para reunir apoio de partidos do Centrão.

De todo modo, uma coisa é certa: a decisão de Lira rachou o bloco mais poderoso da Câmara dos deputados.