Buscar

27/10/2022 às 08:00, Atualizado em 26/10/2022 às 19:46

Empresário que pediu celular no sutiã para comprovar voto pagará R$ 150 mil de indenização

Acordo também exige que Adelar Eloi Lutz faça retratação pública, reforçando o direito de liberdade de voto

Cb image default
Foto: Reprodução/Instagram: @adelareloi

O empresário Adelar Eloi Lutz, investigado por suposto assédio eleitoral, assinou um Termo de Ajuste de Conduta com o Ministério Público do Trabalho da Bahia após ter dito em áudios que orientou funcionárias a colocar “o celular no sutiã” para filmar o voto na urna e comprovar que votaram conforme sua imposição. As informações são do Jornal da Manhã, da TV Bahia, desta quarta-feira, 26.

Segundo as apurações, o termo exige que Adelar pague R$ 150 mil de indenização por danos morais coletivos. Além disso, o empresário também deve fazer uma retratação pública, reforçando o direito de liberdade de voto.

Se Adelar não cumprir as exigências, haverá multa de R$ 50 mil. A Justiça concedeu prazo de 48 horas para o empresário atender às demandas do acordo.

O dinheiro da indenização será depositado para o Fundo de Promoção do Trabalho Decente (Funtrad), destinado a projetos de proteção ao trabalho no município de Formosa do Rio Preto, onde o caso ocorreu.

Entenda

Adelar Eloi Lutz disse que os áudios que gravou orientando funcionárias a colocar “o celular no sutiã” para filmar o voto na urna foi uma "brincadeira" e que "nunca pressionou nenhum funcionário" em relação à escolha de voto.

Adelar trabalha no setor do agronegócio da região oeste da Bahia. O Ministério Público do Trabalho passou a investigá-lo por suposto assédio eleitoral através de inquérito instaurado. Também foi expedida recomendação para que ele imediatamente se abstenha de manter ou reiterar as práticas ilegais.

Segundo o MPT, o empresário é apontado como autor de áudio compartilhado em redes sociais no qual convoca empregadores a “pôr para fora” quem não votar em Jair Bolsonaro (PL), prática que é ilegal. Nas mensagens, ele também orienta funcionárias a colocar “o celular no sutiã” para filmar o voto na urna eletrônica e comprovar, posteriormente, que votaram seguindo sua orientação.

No áudio que circula em aplicativos de mensagem, o empresário diz: "Tinham cinco [funcionários que não concordavam], dois voltaram atrás. Das outras dez que estavam ajudando na rua, todos tiveram que provar, filmaram na eleições. Se vira, entrem com o celular no sutiã, que seja, vai filmar, se não, rua". Em seguida, afirma que demitiu quem não acatou sua imposição. "Filmaram e provaram que votaram. Duas não queriam e estão para fora, hoje já estão falando ‘eu vou votar no Bolsonaro agora’. Então vota, primeiro prova que nós contratamos de novo”, acrescentou.

Após a repercussão do caso, ele postou vídeos em seu perfil no Instagram falando sobre o ocorrido e alegou que as mensagens foram em "tom de brincadeira" com amigos. O empresário gravou o vídeo com uma bandeira do Brasil - estendida atrás dele - com a foto de Bolsonaro estampada no centro. "Esses dias, brincando com o pessoal, mandei [esse áudio] para várias pessoas, mas não sei como foi parar em outros lugares. Jamais ia fazer isso [demitir alguém]", afirmou.

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.