Publicado em 03/11/2022 às 13:01, Atualizado em 03/11/2022 às 11:15
A implantação das estradas é feita com aterros elevados a até três metros de altura, em alguns trechos, e toda a malha será cascalhada com material in natura
A interligação dos pantanais da Nhecolândia, Paiaguás, Abobral e Nabileque por estradas acessíveis o ano todo, nos municípios de Porto Murtinho, Miranda, Corumbá, Aquidauana, Rio Verde e Coxim, está mudando a realidade de uma região isolada secularmente. O Governo de Mato Grosso do Sul promove verdadeira revolução em logística com implantação em fase de execução de 1,5 mil km de estradas, ao custo de R$ 930 milhões, beneficiando a pecuária e o turismo.
Com recursos do Fundersul (Fundo de Desenvolvimento do Sistema Rodoviário de MS), projetos já executados desde 2017 e em andamento ou em fase de licitação traduzem um novo momento para o Pantanal, que neste governo está recebendo também cobertura energética por meio de geração solar. Acesso e energia elétrica eram gargalos que o pantaneiro enfrentava, incrédulo com promessas não cumpridas por outros governos.
“Estamos promovendo o desenvolvimento, o acesso facilitará não só a evolução pecuária e o fomento ao turismo, vai melhorar a vida dos ribeirinhos e também a possibilidade de chegar a infraestrutura mais rápida para apagar os incêndios florestais”, pontua o governador Reinaldo Azambuja. “A saída do boi e a chegada do insumo sem entraves vai transformar a pecuária, ampliará a capacidade de investimentos na produção, assim como no turismo.”
A implantação das estradas é feita com aterros elevados a até três metros de altura, em alguns trechos, e toda a malha será cascalhada com material in natura, segundo técnicos do Departamento de Suporte de Manutenção Viária, da Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos), executora das obras. Respeitando as vazões hidrológicas sazonais do Pantanal, as vias contam com sistema de drenagem (pontes e galerias).
Valor da terra triplicou
A mudança na produção bovina – 90% no sistema de cria -, já começou com a implantação da malha viária na planície pantaneira. Muitas fazendas estão introduzindo a engorda, o que era inviável sem o acesso, vencido pelas longas jornadas das comitivas. “A facilidade do escoamento da produção vai gerar a melhoria genética do rebanho e o Pantanal se tornará em breve um novo celeiro de engorda”, aposta o produtor Luciano Aguilar Leite, de Corumbá.
Na região da Nhecolândia, onde se concentra grande parte dos investimentos rodoviários do Estado, a Fazenda Santa Alayde, de oito mil hectares, produz gado de corte em grande escala. Localizada em Corumbá, mas distante 100 km de Rio Verde de Mato Grosso, a propriedade abate seis mil bois por ano. Sem estrada, porém, o caminhão boiadeiro levava um dia para chegar à Serra da Alegria, próxima à BR-163. Hoje, são apenas quatro horas de viagem.
“O acesso proporcionou ao pantaneiro benefícios incalculáveis”, afirma o pecuarista Olímpio Stehler Neto, 34, gerente da fazenda. “Eu achava que nem meus netos iriam ver essa maravilha (estradas). Estamos aqui há 20 anos e sempre ouvimos promessas, mas agora o governador Reinaldo Azambuja está cumprindo o que prometeu e revoluciona o Pantanal com essas benfeitorias, além de trazer a energia elétrica e dar incentivo fiscal”, completa.
Para o presidente do Sindicato Rural de Corumbá – maior município do bioma, com 70% de sua porção no Estado -, Gílson de Barros, o pantaneiro ainda não tem noção do que representa os investimentos do governo na infraestrutura da região. “Vai reduzir drasticamente o frete absurdo, um dos mais caros do Brasil, e triplicou o valor da terra”, cita. “Temos uma gratidão eterna ao governador, ele fez o que os outros não fizeram em 45 anos do Estado.”
Nhecolândia-Paiaguás
As estradas pantaneiras eram precárias, sem infraestrutura, e o acúmulo de areia e trechos alagados dificultavam o acesso. O ousado programa de integração viária do Pantanal começou há cinco anos, com a implantação em revestimento primário das MS-423 (Serra da Alegria-Conceição) e MS-228 (BR-419-Conceição), numa extensão de 98,8 km, entre Rio Negro, Aquidauana, Rio Verde e Corumbá, em direção à planície da Nhecolândia.
Em 2018, é implantado o acesso ao Corixão (19 km, a partir da MS-228), e em 2020, foram abertos 40 km da MS-228 (Curva do Leque-Fazenda Alegria). Em outro extremo (Corumbá-Porto Murtinho), o prolongamento da MS-243 (29 km) e da MS-195 (25 km, em direção ao Naitaca) garantiu acesso ao centro criatório do Nabileque. Na mesma região, está em obras a ligação (11 km) de Porto Esperança com a BR-262, e em licitação o acesso (60 km) ao Forte Coimbra, pela BR-454.
O maior volume de obras concentra-se entre a Nhecolândia e o Paiaguás, em várias frentes. Na MS-228, foram concluídos mais 50 km da estrada (fazenda Pica-Pau) e outro trecho (Campo Alto-Campinas), de 50 km, está com 20% do aterro finalizado. A ligação da MS-228 se dará entre as fazendas Campinas e Alegria, cujo aterro de 50 km foi concluído. Em licitação 45 km ao Porto Rolon, pela MS-228, e, mais ao Norte, foram implantados 22 km da MS-214 e 59 km estão com 70% rematados.
A meta do governo é interligar os pantanais ao Porto Jofre, em Poconé (MT), na divisa com Mato Grosso do Sul, pela MS-214, que sai de Coxim. São cinco trechos e um segundo, de 35 km, está em processo de licitação. A ligação da MS-228 com a MS-214 (a sonhada integração Nhecolândia-Paiaguás) é uma realidade: foram concluídos 54,3 km da Estrada do Taquari, chegando à ponte sobre o rio do mesmo nome, e 45 km estão em obras, com aterro finalizado.