(Delcídio (esq), Puccinelli e Eike quando a MMX era próspera Foto: Exame
A ruína nos negócios de Eike Batista teve um capítulo a parte em Mato Grosso do Sul. Apoiado por políticos locais, que tiveram suas campanhas eleitorais irrigadas com dinheiro do promissor empresário, o ex-bilionário chegou a ser o 'dono do subsolo do Estado', tendo direito de explorar minério em aproximadamente 10 mil hectares em Corumbá.
Entre muitos negócios no país e no exterior, Eike mantinha em Corumbá a mineradora MMX, pertencente ao grupo EBX, da qual era o maior controlador. Ainda bilionário, Batista mantinha relações estreitas com políticos e celebridades. Em Mato Grosso do Sul, as campanhas a governador de André Puccinelli e para o senado, de Delcídio do Amaral receberam nada menos do que R$ 500 mil.
Porém, ainda em 2012, começou a queda em efeito dominó das chamadas 'empresas X', do homem mais rico do Brasil. As empresas, entre elas uma petroleira e uma companhia de construção naval, deixaram de cumprir cronogramas e atingir metas. A falta de resultados e o pessimismo em relação ao futuro do grupo preocuparam investidores, e as ações passaram a cair na Bolsa. Com isso, o patrimônio do empresário começou a encolher.
Em 2013, em uma tentativa de recuperação, o Grupo EBX firmou um acordo com o banco BTG Pactual tentando reconquistar a credibilidade junto ao mercado financeiro. A parceria não foi suficiente para reanimar os investidores. O próprio Eike reconheceu a falência e de uma fortuna avaliada em US$ 34 bilhões em 2012, passou a ter patrimônio líquido negativo de US$ 1 bilhão.
Mas mesmo antes do 'império EBX' ruir, a MMX Corumbá já havia causado estragos em terras sul-mato-grossenses. A pedido da mineradora e sob a promessa de lucro a longo prazo, a empresa estatal MSGás, construiu um ramal de distribuição de gás natural para a empresa, no valor de 30 milhões de reais. Porém, ela nunca foi utilizada pela mineradora, nem em tempos áureos muito menos depois de pedir recuperação judicial. Com isso, quem arcou com o prejuízo da obra 'inútil' foi o Governo do Estado de MS, que detém 51% das ações e a Gaspetro, da Petrobras, que tem 49% dos papéis.
Com a crise, restou a MMX arrendar os direitos da mineradora em Corumbá. Em novembro de 2014, a Vetria Mineração assumiu os trabalhos ao custo de parcelas mensais de R$ 500 mil.
Em dezembro do ano passado, a Justiça aceitou o pedido de recuperação judicial da MMX Corumbá, fato que animou os credores que agora tem maior esperança de recuperar o prejuízo.
Na manhã desta segunda-feira (30), Eike foi preso pela Polícia Federal no Rio de Janeiro ao retornar de Nova Iorque. Ele é acusado de corrupção passiva por ter pago ao ex-governador Sérgio Cabral propina no valor de US$ 16 milhões para ter facilidades na instalação de suas empresas. Ele vai ficar no presídio de Bangu em uma cela comum, pois não tem curso superior, que lhe daria direito a cela especial. A prisão do ex homem mais rico do Brasil se deu no âmbito da Operação Eficiência, que é um desdobramento da Operação Calicute, na qual Sérgio Cabral foi preso, que por sua vez é um braço da Operação Lava Jato.
Conteúdo Topmidia
Comentários
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.