Publicado em 25/11/2020 às 14:00, Atualizado em 25/11/2020 às 11:26
A implementação da tecnologia 5G virou uma disputa entre China e Estados Unidos.
A embaixada da China no Brasil afirmou em nota divulgada nesta terça-feira, dia 24 de novembro, que são “infundadas” e “solapam” a relação entre os dois países mensagens publicadas em uma rede social pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro e presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados.
O deputado escreveu na noite desta segunda-feira (23) — e depois apagou nesta terça — mensagem sobre o 5G, a internet móvel de quinta geração, na qual dizia que o governo brasileiro declarou apoio a uma “aliança global para um 5G seguro, sem espionagem da China”.
A implementação da tecnologia 5G virou uma disputa entre China e Estados Unidos. O governo norte-americano acusa as empresas chinesas de espionagem. A China diz que os Estados Unidos utilizam a questão da soberania nacional para prejudicar empresas chinesas.
“O governo Jair Bolsonaro declarou apoio à aliança Clean Network, lançada pelo governo Donald Trump, criando uma aliança global para um 5G seguro, sem espionagem da China”, escreveu Eduardo Bolsonaro na noite da última segunda-feira (23).
Segundo o deputado, a aliança pretende proteger os países participantes de invasões e violações às informações particulares de cidadãos e empresas.
“Isso ocorre com repúdio a entidades classificadas como agressivas e inimigas da liberdade, a exemplo do Partido Comunista da China”, disse Eduardo Bolsonaro.
Em nota, a embaixada da China no Brasil afirmou que as declarações de Eduardo Bolsonaro seguem "os ditames dos Estados Unidos de abusar do conceito de segurança nacional para caluniar" o país asiático e cercear as atividades de empresas chinesas.
“Isso é totalmente inaceitável para o lado chinês e manifestamos forte insatisfação e veemente repúdio a esse comportamento. A parte chinesa já fez gestão formal ao lado brasileiro pelos canais diplomáticos”, diz o texto da embaixada.
De acordo com a nota, Os Estados Unidos buscam uma "hegemonia digital exclusiva" por meio de bloqueio à empresa chinesa Huawei.
“Os EUA têm um histórico indecente em matéria de segurança de dados. Certos políticos norte-americanos interferem na construção da rede 5G em outros países e fabricam mentiras sobre uma suposta espionagem cibernética chinesa, além de bloquear a Huawei visando alcançar uma hegemonia digital exclusiva. Comportamentos como esses constituem uma verdadeira ameaça à segurança global de dados”, complementou a embaixada.
Nesta terça, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, foi indagado por jornalistas sobre o assunto. Os repórteres perguntaram se o Brasil entrou na aliança Clean Network a fim de evitar a espionagem chinesa, como havia afirmado o deputado Eduardo Bolsonaro. Faria não quis responder. Disse apenas: “Liga para o Eduardo”.
O ministro deu a declaração depois de se reunir com o presidente Jair Bolsonaro, acompanhado do relator na Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) do edital do 5G e de conselheiros da agência. O órgão criará o edital para o leilão das ondas onde a rede operará.
Na nota, os representantes chineses também disseram que as falas do deputado são "infundadas" e "indignas" com o cargo de presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara e que os fatos comprovam que a China é "amiga e parceira do Brasil" e que a cooperação entre os dois países "impulsiona o progresso e traz benefícios para os dois povos".
A embaixada disse que o governo chinês incentiva empresas chinesas a operar com base em ciência, fatos e leis e se opõe a qualquer tipo de especulação e difamação injustificada contra empresas chinesas.
Para a representação diplomática da China, as declarações de Eduardo Bolsonaro não refletem o pensamento da maioria da população brasileira e prejudicam a imagem do Brasil.
“Instamos essas personalidades a deixar de seguir a retórica da extrema-direita norte-americana, cessar as desinformações e calúnias sobre a China e a amizade sino-brasileira, e evitar ir longe demais no caminho equivocado, tendo em vista os interesses de ambos os povos e a tendência geral da parceria bilateral. Caso contrário, vão arcar com as consequências negativas e carregar a responsabilidade histórica de perturbar a normalidade da parceria China-Brasil”, diz o texto.
Fonte - G 1