Publicado em 03/08/2012 às 08:28, Atualizado em 27/07/2016 às 11:24
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Desde o último dia 28 de julho, o serviço dos plantonistas de cardiologia está suspenso na Santa Casa. Com negociação iniciada em janeiro, os médicos tentam cumprir determinação da Portaria 20/48 do Ministério da Saúde, que prevê plantão presencial para Hospitais de Alta Complexidade e não de sobreaviso, como vinha ocorrendo desde 2005. Em reunião com a junta administrativa na terça-feira (31), a Secretaria Estadual de Saúde, Beatriz Dobashi, deixou claro que não vai contratar o plantão.
Com isso a população de todo o Estado, que tem como referencia a Santa Casa, está sendo desviada para o HU (Hospital Universitário) e HR (Hospital Regional), afirmou o coordenador do Samu, Mauro Ribeiro. Ele disse ainda que até o momento não houve nenhuma situação de emergência, que levasse a óbito.
Segundo o diretor clínico em exercício da Santa Casa, Sérgio Ocampos, a situação é preocupante. Desde janeiro estamos conversando com a Santa Casa. A nossa preocupação é que com o fechamento dessa unidade, os pacientes com dor no peito, arritmia cardíaca, vão ter que ser deslocados por 10 km ou 15 km pela cidade, para outro hospital, correndo risco de morrer, alertou.
De acordo com o coordenador do setor de cardiologia, Waldir Salvi Jr., o serviço do médico plantonista de cardiologia é fazer a cobertura do pronto socorro e dar atendimento a outros pacientes que necessitam de avaliação cardiológica, sejam internados ou recém admitidos.
Num plantão de 12h, esse profissional atende no mínimo 10 pacientes entre graves e não graves. Já começamos a ter casos que estão tendo que voltar. No domingo mesmo, que foi o primeiro dia sem o serviço, dois pacientes infartados tiveram que ser encaminhados para outros hospitais, correndo risco de morrer no caminho ou no Pronto Socorro mesmo, declarou o coordenador.
O diretor clínico disse que ontem e hoje pela manhã, dois pacientes também foram encaminhados para outros hospitais. E isso é só o começo. Outros vão chegar e a superlotação dos hospitais vai causar um grande caos. A Santa Casa suportou o serviço sozinha por anos, no Estado e agora fechá-lo é um grande risco à população, afirmou.
Plantonistas de cardiologia atendiam pelo menos 600 pessoas por mês
O coordenador da cardiologia, que faz os plantões e escalas da especialidade na Santa Casa, estima são atendidos no mínimo 600 pacientes por mês pelos plantonistas cardíacos.
Como cada plantão de 12h atende no mínimo 10 pacientes, por mês os atendimentos chegam a uma média de 600 pacientes. Estamos preocupados porque ninguém sabe o que será feito desse paciente que mora na região e com o pessoal, que vem do interior do Estado. Transportar casos de urgência e emergência cardíaca por quilômetros é loucura, porque esse paciente corre risco de morrer, ressaltou.
Para manter o serviço, Waldir calcula que seria necessário desembolsar uma média de R$ 72 mil mensais, para pagar 15 plantonistas que estão sem postos de trabalho. Ele explicou que o valor do serviço é baseado no fato do plantão custar R$ 100/hora, numa escala mensal que é de 720 horas.
Já o serviço que era feito com o médico de sobreaviso custava metade do valor do plantão presencial que os Hospitais de Alta complexidade, como a Santa Casa, são obrigados a ter, conforme resolução 20/40, do Ministério da Saúde. A categoria acredita que esse é o principal motivo da negativa da secretária em manter os plantões.
CRM cobrou posicionamento, mas não obteve resposta
Como os médicos estão tentando uma negociação desde janeiro e a Santa Casa não se pronunciava, o CRM (Conselho Regional de Medicina), enviou uma carta no dia 23 de julho, cobrando uma posição do hospital a respeito da paralisação que estava marcada para ter início no dia 28 de julho. Contudo, a assessoria do Conselho informou que a junta administrativa da Santa Casa não se manifestou até o momento.
Como o serviço foi paralisado, a junta administrativa se reuniu na terça-feira (31), com a Secretaria Estadual de Saúde, Beatriz Dobashi. A informação é de que Dobashi afirmou na reunião que não vai contratar o plantão.
Categoria está apreensiva com possibilidade de deslocamento de outras áreas
Os médicos cardiologistas da Unidade Coronária, CTI Cardíaco e CTI geral (que é composto por intensivistas, mas que tem cardiologistas na equipe), estão apreensivos com a possibilidade de serem deslocados para o serviço. Alguns acreditam que a Santa Casa pode tentar obrigar quem está em outro setor a atender no Pronto Socorro.
Esses setores são presenciais e exigem a supervisão de médicos porque são pacientes que estão se tratando. Na unidade coronariana mesmo, tem 10 leitos que precisam estar em constante supervisão e se o médico tiver que descer no Pronto Socorro para dar suporte e deixar essas pessoas sozinhas, isso vai ser um caos total, destacou Waldir.