Publicado em 20/12/2023 às 09:01, Atualizado em 19/12/2023 às 22:59

Dino autoriza uso da Força Nacional em terras indígenas de MS e em região de fronteiras

Equipes serão enviadas para dar apoio de forma tática à Polícia Federal. Conselho Indigenista Missionário (Cimi) denunciou ataque à comunidade indígena na região nesta semana.

Redação,

O ministro da Justiça, Flávio Dino, assinou uma portaria, nesta terça-feira (19), que autoriza o uso da Força Nacional em áreas de conflitos entre indígenas e fazendeiros na região do Cone Sul, em Mato Grosso do Sul. O reforço na área de segurança também será enviado às regiões de fronteira.

As duas regiões enfrentam situações delicadas em relação à segurança pública. Algumas cidades do Cone Sul, como Iguatemi, passam por disputas agrárias entre indígenas e produtores rurais. Já na fronteira, a ida da Força Nacional tem como objetivo coibir o tráfico de drogas.

A determinação do Ministério da Justiça vem após o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) denunciar ataque de fazendeiros contra indígenas em Iguatemi. Sobre a ocorrência, a Polícia Federal diz que apura a situação.

A portaria autoriza a permanência da Força Nacional nas duas regiões por 90 dias a ação da Força Nacional. A ida das equipes são para dar apoio à Polícia Federal nas “atividades e nos serviços imprescindíveis à preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, em caráter episódico e planejado”.

O documento não especifica a quantidade de dinheiro que será investida e o número do efetivo. “O contingente a ser disponibilizado obedecerá ao planejamento definido pela Diretoria da Força Nacional de Segurança Pública, da Secretaria Nacional de Segurança Pública, do Ministério da Justiça e Segurança Pública”.

A portaria entrou em vigor a partir da publicação, no caso, nesta terça.

Conflito entre indígenas e fazendeiros

No último sábado (16), o Cimi denunciou um conflito entre indígenas do tekoha Pyelito Kue/Mbaraka’y e seguranças de fazendeiros da região. A entidade diz que alguns indígenas ficaram feridos.

Um dia após, a Polícia Federal confirmou o conflito e afirmou ter conhecimento de feridos na região. Antes deste último episódio, o fotojornalista canadense Renaud Philippe, a cineasta e antropóloga Ana Carolina Porto e o engenheiro florestal Renato Farac Galata denunciaram terem sido vítimas de uma série de agressões causadas por um grupo de homens na mesma região.

Mato Grosso do Sul na rota do tráfico

Mato Grosso do Sul bateu recorde no número de apreensões de cocaínas neste ano: 32,6 mil quilos, o mais alto em quatro anos. Os números mostram que o estado se tornou um corredor do tráfico internacional de drogas. Os produtos ilegais chegam da Bolívia e Paraguai, e a partir de Mato Grosso do Sul, são levados para os grandes centros do Brasil.

De acordo com a Secretária de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), foram 14.732 toneladas da droga apreendidas pelas polícias estaduais entre 1º de janeiro de 2023 e 6 de dezembro. Já pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), foram 17.903 toneladas no mesmo período. Em ambas, o número de apreensões foi o mais alto dos últimos quatro anos.

As fronteiras com Bolívia e Paraguai coloca o estado como um dos principais na rota do escoamento dos entorpecentes. Para a polícia, o aumento nas apreensões de drogas estão ligadas a uma mudança no comportamento do tráfico.

Fonte - g1