Publicado em 25/08/2021 às 06:30, Atualizado em 24/08/2021 às 18:20

Deputados rejeitam moção a ministros do STF e convocam para 7 de setembro

Debate ganhou tom político, com parlamentares exaltados para defender democracia e presidente Jair Bolsonaro

Redação,

Tudo ia bem na manhã desta terça-feira (24), em mais um início de trabalhos da semana na Assembleia Legislativa, até a votação de uma moção de aplauso aos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), sugerida pelo deputado estadual, Amarildo Cruz (PT). Então, os parlamentares desandaram a falar sobre a crise institucional entre os poderes, que começou na semana passada. Por 7 x 4, a moção foi rejeitada e arquivada.

O deputado João Henrique Catan (PL) foi o primeiro a rejeitar a moção, citando trechos com frases pesadas de integrantes da Suprema Corte. “Aprovar essa moção é aplaudir o STF intervindo indevidamente o Legislativo. O Supremo tem que aprender a ser um colegiado e decidir entre os 11, não um ministro ter o poder de sustar o poder da lei escolhida pelo Congresso Nacional. Isso é uma vergonha o que estão fazendo. É uma vergonha votar essa moção de aplauso.”

Ele endossou o discurso atacando o Partido dos Trabalhadores. “Tenho certeza que no fundo, Vossa Excelência [Amarildo Cruz] entende que a decadência do partido de Vossa Excelência, foi por interferência indevida do Judiciário, Legislativo, sem adentrar o mérito. É de deixar o queixo caído. Súmula vinculante. Hoje, todos os órgãos tem que se render ao que esses ministros decidem. Prendem Lula, soltam Lula, ministro inicia investigação sem participação do Ministério Público, onde ele mesmo acusa. Que o congresso coloque a balança em equilíbrio e acabe a suprema vergonha”, concluiu.

Renan Contar (PSL) também aproveitou para citar o ex-ministro Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Eu me recuso a assinar essa moção. É inconcebível, como posso apoiar uma Corte que prende deputados, jornalista, solta bandidos e o maior ladrão do Brasil. Nos envergonham cada vez mais com essa sensação que fica de que o crime compensa no Brasil. A corda já arrebentou faz tempo. Vamos às ruas novamente, pela liberdade, democracia e independência. O preço da liberdade é a eterna vigilância. Supremo é o povo brasileiro”.

Quem também convocou a população para o dia 7 de setembro ir para as ruas, foi Carlos Alberto David (sem partido). “Vemos o STF tentar a todo custo manter sob sua jugular, ajoelhados a ele, o poder Legislativo e Executivo. Tenho muito respeito ao poder Judiciário, e uma das razões que me levam a não apoiar a moção, é que vejo hoje, dois integrantes da corte não estão a altura da envergadura da magistratura brasileira. Faltam a eles, o que é essencial ao julgador, que é a imparcialidade. O povo brasileiro vai às ruas no dia 7 para mostrar quem realmente manda no Brasil. Convido os ministros a virem aqui para aprender como é aplicar a lei e respeitar a constituição”.

Outro a confirmar presença na mobilização convocada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), é o deputado estadual Evander Vendramini (PP). “Eu estarei no dia 7 de setembro nas ruas e acho q todos os cidadãos deverão ir. STF não pode se achar dona da República e rasgar a nossa constituição. Infelizmente, precisamos nos manifestar. Se hoje a democracia corre risco, é em função do STF”.

O deputado Pedro Kemp (PT) disse estar atônito com a declaração dos colegas. “Esse presidente foi eleito com base em fake news. Quem não sabe disso? Nós podemos dizer que as últimas eleições foram fraudadas pelas mentiras que foram espalhadas pelas redes sociais. Esse presidente é um mentiroso. Cheguei a uma conclusão, acho que as autoridades da República devem deixar esse presidente falando sozinho, não dar mais importância para as besteiras que ele fala. Estão valorizando demais as bobeiras que ele fala a todo tempo”.

Ele ainda fez um pedido para a população. “Quero que a nação brasileira deixe esse presidente falando sozinho. Essa família de mafioso e miliciano. Tenha santa paciência! O fim do governo Bolsonaro vai ser patético, como foi o fim do presidente Donald Trump, nos EUA”, destacou.

O autor da moção disse que o direito de livre expressão não pode ser confundido com crime. “Atacar o Supremo é crime sim. A minha atitude de apresentar essa moção é exatamente para oportunizar o debate e a manifestação de cada um. Não tem problema com a discussão da decadência do meu partido. Como o PT incomoda. O Supremo foi contra o PT muitas vezes sim e nem por isso o PT ou o Lula convocou para ir fechar a Corte. Isso chama respeito a democracia. O partido foi criado assim pelo direito a liberdade. Vivemos um momento crítico da nossa história”, concluiu Amarildo.

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