Publicado em 25/09/2024 às 07:01, Atualizado em 24/09/2024 às 17:43

Deputados denunciam falta de medicamentos e cobram melhorias na Saúde

A Comissão Permanente de Saúde da ALEMS vai se reunir na quinta-feira (26) para a prestação de contas da pasta estadual.

Redação,
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Foto: Wagner Guimarães

Imagine precisar de um tratamento de câncer e ao iniciar não é possível dar continuidade nas sessões de quimioterapia por falta do medicamento. Essa situação foi apenas uma das denúncias feitas pelos deputados da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS), na sessão desta terça-feira (24).

O assunto foi iniciado pelo deputado Pedro Kemp (PT) na tribuna. “Saúde tem que ser prioridade. Temos situações se repetindo. Há 5 anos denunciamos falta de medicamento do câncer no Hospital Regional, doença grave. Isso não pode acontecer. Ou é incompetência na gestão ou é negligência, porque o Estado não é pobre assim que não tenha dinheiro. Não pode ser interrompida. Isso é uma injustiça e violência com os pacientes. Sem contar os outros medicamentos e insumos em falta no Regional. Será isso provocado, para privatizar?”, questionou o deputado que apontou levantamento da Defensoria Pública Estadual, com quase 100 mil pessoas que já acionaram a justiça em busca de tratamentos de saúde.

O deputado Zé Teixeira (PSDB) concordou. “Tem cirurgia que você pode esperar e tem umas que não podem. Tem uma mulher com pedra no rim, tomando morfina, que o SUS não atende. Perigoso ela morrer, porque uma cirurgia dessa são R$ 30 mil reais. Eu entendo que se não fizer uma revisão do SUS, não funciona. O programa é lindo, mas do que adianta não ter acesso? Colocar uma molinha o cérebro da pessoa custa R$ 150 mil e o plano não cobre. É um absurdo ter que acontecer isso para salvar vida. A saúde é realmente uma coisa complicada, que precisa ser arrumada em âmbito nacional”, afirmou.

Lidio Lopes (PATRI) explicou que a fila de cirurgia ficou com uma demanda reprimida desde a pandemia, quando o uso de anestésico foi direcionado às pessoas entubadas e as cirurgias eletivas adiadas. “Tema relevante e contínuo que a gente acompanha há longos anos. Campo Grande tem 900 mil habitantes e 1,5 milhão de carteiras SUS. O estado inteiro vem para cá e vem buscar socorro. O sistema SUS do Brasil é o único no mundo que tem a gratuidade. Funciona e funciona bem, mas o valor da consulta ainda é R$ 10. Ou seja, o médico que cobra R$ 150 a consulta tem que atender 15 pacientes SUS. Os próprios médicos orientam alguns a judicializar cirurgias”, explicou.

Questionamentos

A Comissão Permanente de Saúde da ALEMS vai se reunir na quinta-feira (26) para a prestação de contas da pasta estadual. “Queria concordar com as falas sobre a falta de medicamentos às pessoas com câncer. Quinta terá audiência de prestação de contas, às 14h no Plenarinho, e será um bom momento em que podemos cobrar a saúde. Hoje o governador Riedel está fazendo aporte de R$ 15 milhões para a Santa Casa, que a demanda é muito grande. Temos que investir na base, pois se tivermos um bom atendimento primário, se ela for bem atendida bem no posto de saúde, não precisa demandar de um hospital”, considerou o deputado Lucas de Lima, coordenador da Comissão que comandará a audiência realizada para atender aos dispositivos da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Da mesma forma, a deputada Gleice Jane (PT) questionou o contexto complexo da saúde. “Estamos vendo o aumento das doenças. Por que estamos adoecendo? Por que tanto câncer? Por que tanta alergia e doenças autoimunes? Vamos fazer um trabalho de prevenção. Todas as profissões temos profissionais sobrando, por que não na Saúde? É preciso abrir muito mais cursos de formação. Acompanho situações de perto, é muito doloroso, para a pessoa, para as famílias, algumas buscam alternativas em outros estados. Se existe boa experiência em outro estado, então pode ser implementada aqui também, pois estamos perdendo pessoas para outros estados, porque o problema é gestão. Junto com isso precisamos enfrentar a máfia da indústria farmacêutica que deixa tudo cada vez mais caro. Alguns medicamentos custam R$ 1 milhão. Não é possível colocar o lucro em cima da vida”, finalizou.