Publicado em 22/03/2013 às 16:00, Atualizado em 27/07/2016 às 11:24
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Na véspera do Dia Mundial da Água, comemorado neste 22 de marco, o Brasil deve refletir sobre o grave dilema de como enfrentar o desafio da gestão dos seus recursos hídricos tendo como foco questões como os passivos de saneamento, as mudanças climáticas e a escassez global de água, considerado por muitos ainda um recurso infinito, advertiu o senador.
Citando versos do poeta Manoel de Barros, Penso com Humildade que fui convidado para este banquete, banquete dessas águas, porque sou bugre, porque sou do brejo, Delcídio conclamou os demais senadores a refletir sobre a atual situação do Pantanal.
Como um homem das águas, um homem pantaneiro, quero chamar a atenção para o lugar onde nasci e aprendi a respeitar a água.O Pantanal é reconhecido mundialmente por ser a maior planície alagável do mundo, com uma área de cerca de 160.000 km2, que abrange territórios de três países da América do Sul: Brasil, com cerca de 140.000 km2, Bolivia com 15.000 km2 e Paraguai, com 5.000 km2. Trata-se, portanto de um bioma transfronteiriço, e que possui forte influência de biomas vizinhos como o Cerrado, a Floresta Amazônica e o Chaco. Sua porção brasileira está inserida nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.O Rio Paraguai, elemento chave na dinâmica do bioma, é o principal rio formador da Bacia do Alto Paraguai e da Planície do Pantanal Matogrossense, regulador da vazão hídrica do sistema. Em território brasileiro, os principais tributários do rio Paraguai, em sua margem direita, são os rios Jauru, Cabaçal e Sepotuba e, na margem esquerda, os rios Cuiabá (com os afluentes São Lourenço e Piquiri), Taquari, Negro e Miranda (com seu afluente Aquidauana), e mais ao Sul o rio Apa.A nascente do rio está localizada na região da Chapada dos Parecis, no Mato Grosso, onde também está a Área de Proteção Ambiental Estadual das nascentes do rio Paraguai, criada pelo governo de Mato Grosso, relatou.
O senador destacou que na década de 1970, houve a implantação de pastagem e lavoura de arroz e, atualmente, predominância da produção de soja, algodão e pecuária. Atualmente, o estado de Mato Grosso é um dos maiores produtores de grãos do Brasil, em especial a soja. Com o tempo, os impactos ambientais pelo mau uso do solo e a retirada da cobertura vegetal nas nascentes começaram a colocar em risco o Pantanal. Esses impactos, segundo Delcídio, estão localizados, em sua maioria, na região do planalto, na área dos afluentes do rio Paraguai, provocando efeitos graves na planície.
Quero chamar aqui a atenção dos Senadores do nosso vizinho, o Mato Grosso, para dois pontos que considero relevantes e que devem merecer nosso especial empenho. : as monoculturas de soja, milho, arroz e cana-de-açúcar, que provocam o desmatamento de locais estratégicos, e as usinas hidrelétricas em afluentes, com redução no nível do rio Paraguai, decorrente de represamento ou de eclusas, podendo gerar diminuição da área inundada do Pantanal, com efeito devastador para flora, fauna e economia local, enfatizou.
Delcídio revelou que em um diagnóstico feito pelo Instituto Homem Pantaneiro, organização não-governamental situada em Corumbá, foram verificadas diversas alterações na paisagem, ocasionadas pelos impactos ambientais . Os rios que formam o Pantanal estão fortemente pressionados pela agricultura intensiva e pela ausência de zona de amortecimento que mantém abastecidas as lagoas e as nascentes, localizadas em interior de duas fazendas locais, com vegetação antropizada, sem corredores ecológicos e praticamente nenhuma mancha residual demonstrativa da vegetação original da região. Além disso, existe uma pequena superfície em uma das propriedades que pode servir de banco genético para um eventual projeto de regeneração da área.
Em função do diagnóstico preocupante da região das cabeceiras e pela fundamental importância do Rio Paraguai para o funcionamento do complexo sistema hídrico e de biodiversidade do Pantanal e pelo que ele representa para economia e a cultura dos dois estados, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, quero propor a criação de grupo com parlamentares dos dois estados para que , juntos, possamos visitar a região e definir um conjunto de ações que visem à recuperação e proteção das cabeceiras do Rio Paraguai e seus dois principais tributários, o Cuiabá e Sepotuba. Esse grupo vai discutir ações práticas para recuperação e conservação das nascentes , ouvindo diferentes órgãos governo e da sociedade. Depois vamos propor as ações aos governos federal , estaduais, às prefeituras e todas as entidades públicas e privadas de alguma forma relacionadas com o bioma Pantanal. O interesse na preservação tem que ser de todos, advertiu o senador.