Em delação homologada na última segunda-feira (30) pela ministra do STF (Supremo Tribunal Federal) Carmen Lúcia, o senador Aécio Neves (PSDB) aparece em um esquema de fraude de licitação de uma obra de mais de R$ 2,1 bilhões, para beneficiar empreiteiras como Odebrecht e Andrade Gutierrez.
O depoimento, de Benedicto Junior, ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura, revela que para construção da Cidade Administrativa, Aécio e ele se reuniram para tratar do conluio que iria beneficiar as empreiteiras, incluindo propina em parte dos valores dos contratos.
À época, Aécio ainda era governador de Minas Gerais. A Cidade Administrativa, projetada pelo arquiteto Oscar Nyemeyer, foi construída para sediar o governo de Minas, e foi a obra mais cara da gestão do senador.
De acordo com Benedicto Junior, também conhecido com BJ, ficou estabelecido que as empresas receberiam 2,5% e 3% do valor total dos contratos em propina.
Para receber os valores, as empreiteiras foram orientadas por Aécio a procurarem Oswaldo Borges da Costa Filho. Oswaldinho, como é conhecido, é colaborador das campanhas do senador mineiro.
O ex-governador ainda teria indicado quais seriam as empresas que participariam da licitação para a obra da Cidade Administrativa, inaugurada em 2010. As informações são da Folha de São Paulo.
A Odebrecht foi responsável por 60% da obra, e construiu um dos três prédios que integram a Cidade Administrativa, o Edifício Gerais. Ainda participaram da licitação a Andrade Gutierrez, a OAS e a Queiroz Galvão.
As informações prestadas por Benedicto foram confirmadas por Sergio Neves, ex-diretor da Odebrecht em Minas que operacionalizava os repasses a Oswaldinho.
Benedicto Júnior e Sérgio Neves estão entre os 77 funcionários da Odebrecht que assinaram acordo de colaboração com a Lava Jato. O conteúdo das delações foi enviado à Procuradoria-Geral da República, sob sigilo.
Resposta de Aécio
Em nota enviada à Folha de São Paulo, o senador Aécio Neves repudiou o teor da delação premiada de Benedicto Júnior, ex-diretor da Odebrecht Infraestrutura.
O ex-governador de Minas disse que "defende o fim do sigilo sobre as delações homologadas para que todo conteúdo seja de conhecimento público".
"E que as pessoas mencionadas possam se defender, uma vez que é impossível responder a especulações, interpretações ou informações intencionalmente vazadas por fontes não identificadas", afirmou o tucano.
Aécio disse que desconhece o conteúdo do que classifica de "suposta delação". "As afirmações relatadas são falsas e absurdas", afirmou.
Conteúdo - Midiamax
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