Publicado em 12/04/2023 às 16:20, Atualizado em 12/04/2023 às 17:22

Contra ameaças, escolas terão vigilância 24h e governo de MS pede apoio dos pais

Além da vigília eletrônica, helicóptero e possível uso da Lei Antiterrorismo, governo quer ajuda das famílias

Redação,
Cb image default
Coletiva do governo estadual detalhou plano de monitoramento nas escolas, após ameaças de ataques em MS. (Foto: Marcos Maluf) 

O monitoramento eletrônico das escolas estaduais será ampliado e chegará, no total, a 298 instituições em Mato Grosso do Sul, sendo realizado 24h por dia. Além disso, a fiscalização no entorno será reforçada pela PM (Polícia Militar) e o serviço de inteligência da PC (Polícia Civil) está identificando os autores das ameaças, estudando até possível enquadramento por crime de terrorismo.

As medidas foram anunciadas no fim da manhã, em coletiva do governo estadual para explicar as medidas tomadas diante das ameaças de ataques em escolas, a exemplo do que aconteceu em creche de Blumenau (SC). As diretrizes foram dadas por representantes das polícias Civil, Militar, secretaria Estadual de Educação, além do vice-governador, José Carlos Barbosa, e o governador Eduardo Riedel.

“Não se assustem com sobrevoo dos helicópteros nas suas escolas, é forma de ação preventiva sim”, disse a coronel Neide Centurião, subcomandante da PM de MS.

As ações, conforme explicado na coletiva, objetivam o fortalecimento do programa “Escola Segura, Família Forte”, aplicado em MS desde 2017.

O monitoramento eletrônico nas escolas, conforme explicou o secretário Estadual de Educação, Helio Daher, vai ser ampliado e começa antes mesmo da entrada do aluno na instituição. Segundo ele, foi sugerida que a ampliação da vistoria, com instalação de equipamentos na entrada, nas portas de acesso e com vista para o entorno da unidade escolar.

Daher também disse que já foi lançada cartilha, focada para profissionais da educação, sobre como proceder em casos de ameaça. Outra será lançada, esta, para as famílias dos alunos. No foco, o conteúdo consumido nas redes sociais. “É uma série de orientações para que fiquem atentos sobre a influência da Internet em nossas crianças”.

Outras ações devem ser lançadas durante o semestre, segundo o secretário. “A [secretaria] Educação vai atuar e não vai ceder às ameaças”, enfatizou.

Investigação – Desde o ataque à creche em Blumenau (SC), pais e alunos em Mato Grosso do Sul foram bombardeados com notícias de ameaças envidas às escolas. Paredes e muros pichados nas instituições e avisos nas redes sociais foram alguns dos recados dados.

A delegada-adjunta da PC, Rozeman Geise Rodrigues, explica que as equipes tem trabalho com dois focos de ação: o primeiro, de possível ataque às escolas e, o segundo, a apuração sobre as publicações em redes sociais, que causam pânico e alarde. “Os grupos de inteligência estão trabalhando desde o primeiro dia”.

Rozeman disse que, desde que a investigação começou, há vários casos de identificação dos envolvidos, a maioria, adolescentes, além aplicação de medidas cautelares, apreensão de celulares e condução dos responsáveis.

A delegada também explicou que há trabalho reservado, orientado os policiais de como agir diante de casos de ameaça e quais medidas tomar na apuração nas redes sociais e na tomada de decisões no âmbito judicial.

“Aquele adolescente ou adulto que divulgou a ameaça pode incitar outros a praticarem o crime”, disse. Rozeman contou que as irregularidades estão sendo catalogadas para que possam chegar a ocorrências maiores. A delegada ainda explicou que o enquadramento em crime de terrorismo está sendo estudado para punir eventual responsabilidade. No Brasil, está em vigor a Lei Antiterrorismo (nº 13.260/2016 ), que trata da tipificação, julgamento e punição para crimes de natureza terrorista.

Ainda sobre a investigação, pedi a colaboração dos profissionais das escolas para que não apaguem as pichações ou recados de ameaças, pois é material importante para chegar aos responsáveis. Também fez um apelo às famílias. “Cuidem dos seus adolescentes, busquem saber o que estão consumindo na Internet, olhem suas mochilas”, listou. Rozeman exemplificou que há crianças que podem levar algum tipo de armamento, como faca ou canivete para se proteger. “Muitas estão com medo”.