Publicado em 10/11/2022 às 12:05, Atualizado em 10/11/2022 às 01:09
Após reunião com o presidente do TSE, Lula afirmou que "ninguém vai acreditar em um discurso golpista de quem perdeu as eleições"
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) minimizou a divulgação do relatório feito Ministério da Defesa, nesta quarta-feira, 9, sobre as eleições. O documento é uma estratégia do presidente Jair Bolsonaro (PL) para pôr em dúvida a legitimidade da disputa.
Bolsonaro, que perdeu para Lula no segundo turno e não foi reeleito, já fez diversos discursos contra a Justiça eleitoral e acusou, sem provas, ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de agirem para prejudicá-lo.
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) encontra Arthur Lira (PP-AL) Foto: Estadão Conteúdo/Wilton Junior Em encontro com Lira, Lula diz que prefere PEC para resolver questão do Orçamento, diz líder do PT
"Não existe a possibilidade. Ninguém vai acreditar em um discurso golpista de alguém que perdeu as eleições. Eu perdi três eleições, a cada vez que eu perdia, ia para casa lamentar, ficava triste. Eu nunca entrei em depressão porque corintiano não entra em depressão, mas eu lamentava, e parava para pensar onde que eu errei", declarou Lula ao sair de uma reunião com o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, na sede do tribunal, em Brasília.
O petista sugeriu que Bolsonaro reconheça a derrota e volte a disputar nas próximas eleições. "Cabe ao presidente reconhecer sua derrota, cabe a ele fazer uma reflexão e se preparar para daqui uns anos concorrer outra vez. É assim que é o jogo democrático, é respeitar a decisão da maioria do povo brasileiro".
Na sede do TSE, o presidente eleito também comentou sobre as atitudes de confronto entre o governo e o Poder Judiciário. Bolsonaro já chegou a chamar Moraes, que também é ministro do Supremo Tribunal Federal, de "canalha" e já pediu o impeachment dele, solicitação que foi arquivada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
"É possível a gente recuperar a harmonia entre os Poderes, é plenamente possível a gente recuperar a normalidade da convivência das instituições brasileiras. Instituições que foram atacadas, ou seja, que foram violentadas por uma linguagem nem sempre recomendável por algumas autoridades ligadas ao governo", afirmou Lula.
O petista ainda disse que "não há tempo para vingança, raiva, ódio, o tempo é de governar". Em outra tentativa de desestabilização e incentivados por aliados de Bolsonaro, grupos radicais tem atrapalhado o fluxo de trânsito em diversas cidades e pedido intervenção militar.
Na entrevista, Lula também criticou os manifestantes que pedem pela anulação da eleição. "Essas pessoas que estão protestando, sinceramente, não tem por que protestar. Deviam dar graças a Deus pela diferença ter sido menor do que aquela que merecíamos ter de volta", disse.
O presidente eleito afirmou ainda que os atos não são orgânicos e pediu a responsabilização de quem financia os movimentos. "É preciso detectar quem está financiando esses protestos, que não têm pé, nem cabeça. As ofensas às autoridades, ameaças de fechamento, agressão verbal...Coisa que eu que fui dirigente sindical, fiz greve, não tinha por hábito utilizar isso".
A visita ao presidente eleito do TSE foi o último compromisso de Lula nesta quarta em Brasília. Mais cedo ele se reuniu com ministros do STF e com o presidente da Câmara, Arthur Lira, e Pacheco.
Com informações do Estadão