O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a questionar nesta segunda-feira (17) a confiabilidade do sistema de urnas eletrônicas, argumentando que os equipamentos são ultrapassados e antigos, "geração do final dos anos 1990".
Bolsonaro também repetiu que deixou a análise da lisura do primeiro turno das eleições presidenciais a cargo das Forças Armadas, que integram a comissão de transparência do Tribunal Superior Eleitoral. E acrescentou que "todos são unânimes" ao afirmar que não existe sistema eletrônico impenetrável.
"Olha, diz a Polícia Federal que as urnas são inauditáveis. Não existe sistema eletrônico que seja perfeitamente blindado. Se nunca teve, vai chegar a hora. O que a gente sempre busca é dar mais uma camada de transparência. É isso que nós lutamos no passado", afirmou o presidente.
"No momento, como as Forças Armadas foram convidadas a integrar uma comissão de transparência eleitoral, esse trabalho cabe às Forças Armadas. Eu não dou palpite. As Forças Armadas têm uma equipe enorme lá no comando de defesa cibernética, que trabalham nessa questão. E todos são unânimes em dizer que não existe sistema impenetrável, sistema inviolável", completou.
A urna eletrônica foi lançada em 1996, mas, ao contrário do que afirmou o presidente, a tecnologia foi atualizada desde então.
Nas eleições deste ano, há mais de 577 mil urnas em uso, das quais 39% são do modelo 2020. Além dessa versão, Justiça Eleitoral também usa os modelos de 2015, 2013, 2011, 2010 e 2009, o mais antigo deles, que corresponde a 13% do total de equipamentos em uso.
Todas as versões utilizam os mesmos programas, desenvolvidos pela Secretaria de Tecnologia da Informação do TSE e aprimorados.
As declarações foram dadas por Jair Bolsonaro durante entrevista para a Rádio Tupi, do Rio de Janeiro. O presidente não foi indagado duramente sobre temas polêmicos e teve liberdade para dar as suas respostas. Em determinado momento, foi questionado sobre a atuação do ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes. Ao contrário de outros momentos, quando chamou o ministro de "patife" e "moleque", Bolsonaro evitou ataques mais ferozes.
No domingo (16), Moraes determinou a remoção, por parte da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de vídeos em que a fala do presidente de que "pintou um clima" entre ele e adolescentes venezuelanas é associada à pedofilia.
"O que eu vejo no TSE: as medidas que o PT entra contra mim quase todas são aceitas. A recíproca não é verdadeira. O que eu critico na postura do Alexandre de Moraes? Ele reage e não aceita sugestões, não feitas por mim mas pela comissão de transparência eleitoral. Então esse retardo a gente fica sempre um pouco preocupado. Mas repito: essa questão está certa, da minha parte, às Forças Armadas, que foram convidadas a participar daquela tal comissão de transparência eleitoral", afirmou o presidente na entrevista.
Na sequência, no entanto, Bolsonaro voltou por livre e espontânea vontade ao assunto das urnas eletrônicas. Aos entrevistadores do Rio de Janeiro, relembrou o caso Proconsult, uma tentativa de fraude para impedir a vitória nas eleições do governador Leonel Brizola, para acrescentar que as urnas eletrônicas estão ultrapassadas.
"Vocês lembram no passado o caso Proconsult, do Brizola, que tinha uma fraude em andamento e ninguém achava que aquilo poderia acontecer. E aconteceu. Agora estou ouvindo, tenho conversado com pessoas que entendem de informática. Ninguém fala 'olha esse sistema aqui nunca será invadido'", afirmou.
"Você vê os bancos gastam uma fortuna por ano na defesa dos seus dados, em um trabalho para evitar que alguém entre na conta dos seus clientes e façam movimentações. É um gasto constante. O TSE está com uma urna bastante ultrapassada, antiga, geração do final dos anos 1990", completou o presidente.
No primeiro turno, em 2 de outubro, o petista teve 48,4% dos votos válidos e Bolsonaro, 43,2%.
Com informações da FolhaPress
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