Publicado em 18/01/2025 às 15:30, Atualizado em 18/01/2025 às 17:32
Ex-presidente foi barrado em razão de determinação do ministro Alexandre de Moraes, que investiga o envolvimento de Bolsonaro em planejamento de golpe de Estado
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou emocionado, que está constrangido por não poder comparecer à cerimônia de posse do presidente Donald Trump.
A declaração foi realizada à veículos de imprensa na manhã deste sábado (18), no Aeroporto de Brasília, enquanto Bolsonaro acompanhava o embarque da mulher Michelle. A ex-primeira dama vai representá-lo, ao lado do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Eleito como presidente dos Estados Unidos, Trump será empossado na próxima segunda-feira, dia 20 de janeiro em Washington, nos Estados Unidos.
Conforme o Estadão, o ex-presidente aguarda apoio do líder norte-americano, avaliado como importante na tentativa de reverter sua inelegibilidade no Brasil.
"Se ele me convidou, ele tem a certeza que pode colaborar com a democracia do Brasil afastando inelegibilidades políticas, como essas duas minhas que eu tive", relatou Bolsonaro à imprensa.
O ex-presidente, contudo, não detalhou como o Trump poderia alterar a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o declarou inelegível por 8 anos. Na avaliação de Bolsonaro, somente "a presença" do aliado norte-americano pode alterar a sua situação.
"Trump não vai admitir certas pessoas pelo mundo perseguindo opositores, o que chama de lawfare, que ele sofreu lá. Grande semelhança entre ele e eu", disse.
"Eu estou chateado. Estou abalado ainda. Eu enfrento uma enorme perseguição política por parte de uma pessoa. Essa pessoa decide a vida de milhões de pessoas no Brasil. Ele é o dono do processo Ele é o dono de tudo", disse em alusão ao ministro Alexandre de Moraes.
Ainda em declaração à imprensa, Bolsonaro disse não ter a mínima preocupação em relação aos crimes apontados no indiciamento pela Polícia Federal (PF). Depois, o ex-presidente lamentou a impossibilidade de estar junto aos familiares.
"Eu pré-acertei o encontro com o chefe de Estado (Trump) via Eduardo Bolsonaro e, lamentavelmente, não vou poder comparecer", disse o ex-presidente. "Eu queria estar acompanhando a minha esposa. Quem vai estar acompanhando lá é o meu filho Eduardo", afirmou.
Passaporte retido
Bolsonaro está com o passaporte retido por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A defesa do ex-presidente apresentou dois pedidos ao magistrado para ele pudesse viajar aos Estados Unidos temporariamente.
Contudo, Moraes negou ambos os pedidos sob o argumento de que há risco real de "tentativa de evasão" de Bolsonaro "para se furtar à aplicação da lei penal".
A ex-primeira-dama Michelle afirmou neste sábado que o marido está sendo perseguido. Além disso, segundo Michelle, "eles têm um certo medinho" de Bolsonaro por ser, em sua avaliação, o maior líder da direita brasileira.
Ela, contudo, não explicou a quem se referia ao dizer que sente "medinho" do ex-presidente.
Em vídeo que circula nas redes sociais, é possível identificar o momento em que Bolsonaro se despede de Michelle no aeroporto internacional de Brasília.