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19/01/2024 às 12:00, Atualizado em 19/01/2024 às 09:58

Bolsonaristas de MS saem em defesa de deputado alvo da PF por ligação com golpista foragido

O mandado de busca e apreensão executado na casa e no gabinete de Jordy foi solicitado pela Polícia Federal

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Rodolfo Nogueira e Luiz Ovando defenderam o colega da Câmara dos Deputados. (Foto: Divulgação)

Deputados federais de Mato Grosso do Sul prestaram apoio e solidariedade ao colega Carlos Jordy (PL-RJ), que foi alvo da Operação Lesa Pátria, da Polícia Federal. Em comum, o discurso de que a direita está sendo perseguida pelo atual governo e pelo Supremo Tribunal Federal.

O mandado de busca e apreensão executado na casa e no gabinete de Jordy foi solicitado pela Polícia Federal PF e recebeu anuência da Procuradoria-Geral da República, antes de ser autorizado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF.

A 24ª fase da Operação Lesa Pátria é focada na identificação de mentores intelectuais e responsáveis por planejar, financiar e incitar os atos antidemocráticos que culminaram na tentativa frustrada de golpe de Estado no dia 8 de janeiro de 2023.

O deputado Rodolfo Nogueira (PL) foi o primeiro sul-mato-grossense a se solidarizar com o colega bolsonarista.

“Meu apoio e solidariedade ao amigo, Dep. Federal Carlos Jordy . O que estamos vivendo é um absurdo, uma perseguição descomunal a pessoas de bem. Deus é contigo, irmão!”, publicou Nogueira em suas redes sociais, na quinta-feira (18), logo após a operação vir a público.

À noite, o Gordinho do Bolsonaro afirmou ter acionado o presidente do Congresso Nacional, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para que tome providências sobre a “inviolabilidade” do líder da oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Câmara dos Deputados.

O deputado Dr. Luiz Ovando (PP) também prestou solidariedade ao parlamentar carioca, que se tornou “mais uma vítima de perseguição política perpetrada pelo atual governo e pelo STF”.

“Novamente, vemos a Constituição Federal ser desrespeitada, a qual deveria salvaguardar os parlamentares em sua liberdade de expressão. Este episódio é claramente uma manifestação de vingança e autoritarismo, colocando em risco os princípios democráticos. Força @carlosjordy”, divulgou Ovando.

Investigado em inquérito sobre postagens em apoio aos atos golpistas de 8 de janeiro, o vereador de Campo Grande Tiago Vargas também saiu em defesa de Jordy. O parlamentar classificou a operação da PF como perseguição e ditadura.

“Os Senadores e Deputados Federais de direita precisam dar uma reposta urgente contra esse atentado ao estado democrático de direito contra o líder da oposição @carlosjordy!!!”, declarou.

Operação Lesa Pátria

Nesta quinta-feira, policiais estiveram na residência e no gabinete de Jordy na Câmara dos Deputados. Na decisão em que autorizou a medida, Moraes escreveu haver “a presença de indícios de que o parlamentar seria a pessoa que efetivamente orientava as ações em tese organizadas por Carlos Victor, não se tratando portanto apenas de uma relação de afinidade entre ambos”.

O ministro Alexandre de Moraes, que é relator dos inquéritos sobre o 8 de janeiro que tramitam no Supremo, frisou mensagens obtidas pela PF em que Carvalho chama Jordy de “meu líder” e aparenta pedir orientações sobre “parar tudo”, referindo-se ao bloqueio de estradas.

Além da apreensão de documentos e objetos, Moraes autorizou o acesso da PF a aparelhos eletrônicos do parlamentar, bem como a apreensão de armas e munições porventura encontrados nos endereços de Jordy.

Também foram cumpridos nesta quinta outros nove mandados de busca e apreensão, tendo como alvo pessoas envolvidas no planejamento e execução de atos antidemocráticos, de acordo com as investigações da PF.

Entre os alvos da operação está Carlos Victor de Carvalho, suplente de vereador da assembleia de Campos dos Goytacazes (RJ) e apontado como liderança de extrema direita na cidade fluminense, responsável por administrar, por exemplo, 15 grupos de extremistas em rede social. Segundo as investigações, Carvalho pediu orientações a Jordy sobre o bloqueio de estradas em novembro de 2022, logo após a derrota de Jair Bolsonaro na eleição presidencial.

PGR

No pedido de busca contra o deputado, o subprocurador-geral da República Carlos Frederico Santos, responsável na PGR pelas apurações sobre o 8 de janeiro, escreveu que há indício de que Carlos Victor de Carvalho tenha “fortes ligações” com Carlos Jordy.

Para a PGR, tal ligação “transpassa vínculo político, denotando-se que o parlamentar, além de orientar grupo expressivo de pessoas, tinha o poder de ordenar as movimentações antidemocráticas, seja pelas redes sociais ou agitando a militância da região [de Campos dos Goytacazes]”.

A PGR frisou ainda que a PF identificou contato de Jordy com Carvalho quando este era alvo de mandado de prisão temporária e encontrava-se foragido, em 17 de janeiro de 2023. Segundo as investigações, o parlamentar sabia que o aliado fugia da polícia. Tal atitude pode configurar, em tese, o crime de prevaricação.

Outro lado

Ao chegar à sede da PF, nesta quinta, o deputado Carlos Jordy negou haver mensagens que o incriminem em relação ao 8 de janeiro. “Não tem nada que possa me incriminar em relação ao 8 de janeiro. Vocês nunca vão encontrar nenhuma mensagem”, disse ele a jornalistas.

Em vídeo publicado mais cedo em suas redes sociais, Jordy disse que a busca contra ele é “medida autoritária e sem fundamento, que visa a perseguir, intimidar e criar narrativa às vésperas de eleição municipal”.

“É inacreditável. Esse mandado de busca e apreensão que foi determinado pelo ministro Alexandre de Moraes é a verdadeira constatação de que estamos vivendo em uma ditadura. Em momento algum do 8 de janeiro eu incitei ou falei para as pessoas que aquilo era correto. Nunca apoiei nenhum tipo de ato, embora as pessoas tivessem todo o direito de fazer suas manifestações contra o governo eleito”, declarou.

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