Publicado em 07/04/2012 às 12:02, Atualizado em 27/07/2016 às 11:24
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A oitava bancada da Câmara dos Deputados. Apenas quatro senadores. Somente uma governadora de Estado. Dois escândalos de corrupção recentes. Ex-todo-poderoso do Congresso, ainda sob o nome de PFL (Partido da Frente Liberal), o Democratas passa por uma crise de representatividade. Às vésperas de uma eleição municipal, que poderia redimir a legenda, não faltam integrantes mais ansiosos por uma eventual fusão com o aliado PSDB do que por crescer nas urnas.
O senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), um dos raros expoentes do DEM sem vínculo com famílias tradicionais, deixou o partido com rumo frouxo nas palavras de um dos seus dirigentes. Pego em conversas suspeitas com o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, o senador tinha expectativas de ser candidato a presidente em 2014, o que poderia ajudar o partido a retomar dias melhores no Congresso por conta da exposição nacional.
Agora, admitem membros do DEM, o cenário mais provável é de tentativa de fusão com o PSDB após as eleições municipais. A diferença deve ser na forma, disse um parlamentar da legenda que não quis se identificar. Se o [deputado federal] ACM Neto ganhar a eleição em Salvador, se José Serra se eleger prefeito com um vice nosso, o cenário é um. Se isso não acontecer, as condições devem ser mais difíceis. Quando um partido fica muito maior que o outro, as condições para quem entra são piores.
Para Luciano Dias, do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos (Ibep), os escândalos de Demóstenes e do ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda envolvido no esquema do mensalão do DEM, deixaram a sigla com uma marca difícil de apagar em tão pouco tempo. A justificativa de que o DEM expulsa seus corruptos não serve nas eleições. É uma estratégia errada na qual o partido apostou há tempos. E está pagando agora. As pessoas querem saber de gestão, disse.
A saída de Demóstenes fez os principais líderes do Democratas repetirem o discurso feito na época de Arruda. O partido não está acuado, está aliviado, disse o presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), nesta semana. Os outros escondem debaixo do tapete. Veja o PT com o mensalão. Nós temos coragem de lidar de frente. Todo integrante que for pego em atos ilícitos será expulso. Pagaremos esse preço.
Oficialmente, Maia não admite a fusão com o PSDB. Caso ela aconteça, o novo partido teria 80 deputados menos apenas do que o PT. Pode não ser o suficiente diante de uma avassaladora base aliada da presidente Dilma Rousseff, mas pode criar um grupo mais coeso na tentativa de retomar o Palácio do Planalto em 2014.
Em 2011, em sua convenção nacional, o PSDB incumbiu Serra de liderar um processo que pode levar a fusão dos tucanos com o DEM e com o PPS, mais à esquerda. Desde então o projeto não evoluiu, à espera das eleições municipais deste ano.