Publicado em 07/08/2024 às 12:03, Atualizado em 07/08/2024 às 12:51
O ex-prefeito de Campo Grande pretende entregar um dossiê completo com prints, áudios e vídeos dos envolvidos
Após ser absolvido sumariamente pela juíza Eucélia Moreira Cassal, da 3ª Vara Criminal de Campo Grande, de todas as acusações de assédio sexual, importunação sexual e favorecimento à prostituição feitas pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) em novembro de 2022, o ex-prefeito Marquinhos Trad (PDT) disse ontem ao Correio do Estado que as denúncias foram de cunho político por parte dos seus adversários e, em razão disso, promete enviar um dossiê para a Polícia Federal.
Candidato a vereador nas eleições municipais deste ano, ele revelou que as provas apresentadas pelo promotor de Justiça Alexandre Pinto Capiberibe Saldanha eram tão sem cabimento que a magistrada nem chegou a convocá-lo para ser ouvido na instrução processual.
“Tudo começou após a minha renúncia ao cargo de prefeito no dia 2 de abril de 2022 para disputar a cadeira de governador de Mato Grosso do Sul. Como eu aparecia na frente em todas as pesquisas de intenções de votos, os meus adversários políticos colocaram em ação essa armação contra a minha honra para me desacreditar perante aos eleitores de Campo Grande e também do interior do Estado”, declarou.
Marquinhos Trad reforçou que foi uma armação política e, por isso, depois de comprovado pela Justiça, vai apresentar um dossiê completo à PF para apurar todos esses eventos.
“Com todo o respeito que tenho pela Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, ela agiu com parcialidade. A autoridade policial indicada para cuidar do caso foi nomeada pela Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública {Sejusp} tinha outros interesses e, por sua vez, o superior hierárquico da delegada de Polícia Civil era muito próximo da garota que organizou as quatro meninas para oferecer a denúncia”, ressaltou.
NOMES CONHECIDOS
Ainda para justificar o argumento de que as acusações de cunho sexual foram políticas, o ex-prefeito citou que, no rol de testemunhas, constavam os nomes da alta cúpula do PSDB em Mato Grosso do Sul, incluindo figuras poderosas do partido e até atuais diretores de agências e departamentos estaduais, bem como da Delegacia-Geral da Polícia Civil (DGPC).
“Há prints de conversa de um ex-deputado estadual cooptando as meninas para me incriminar, inclusive, tem ainda prints do celular dele com o número do telefone da delegada responsável pelo caso. Além disso, o servidor de alto escalão foi quem, em 2010, prendeu uma das meninas que me incriminaram, sendo que ela até aparece do lado dele dando entrevistas”, ressaltou Marquinhos Trad.
Ele também revelou que tem provas de que a denúncia teria sido forjada dentro da DGPC um mês antes de terem sido registradas na Polícia Civil. “As meninas encontraram-se com o responsável na DGPC. Elas foram ouvidas pela primeira vez no dia 5 de julho, mas o encontro foi em junho, um mês antes. No celular de uma das meninas, tinha o contato do jornalista do Metrópoles, Paulo Capelli, antes de sair a matéria, que foi publicada no dia 20 de julho”, detalhou.
Para o ex-prefeito, já estaria tudo pronto e só seria levado adiante se ele continuasse em alta nas pesquisas de intenções de voto. “Se eu continuasse caindo nas pesquisas, eles não divulgaram a farsa, mas, como me mantive nas cabeças, colocaram o plano em ação. Nunca no Estado teve um canal direto de acusação e olha que tivemos vários casos graves envolvendo essas mesmas pessoas que fizeram essa armação contra a minha pessoa”, pontuou.
Marquinhos Trad lembrou que a autoridade policial lhe perseguiu e tem áudios dentro do processo da delegada orientando as garotas de como deveriam agir. “Tem fala e confissão do esposo de uma dessas garotas de programa em outubro de 2022 após as eleições, dizendo que essa autoridade policial queria me prejudicar em troca de promoção. Dois dias depois, foi publicado no Diário Oficial a promoção dessa delegada para a classe especial. Vou entregar toda essa documentação à PF”, reforçou.
SEM ARREPENDIMENTOS
Apesar de tudo, Marquinhos Trad disse que não se arrepende de nada. “Quem deve estar arrependido hoje foram aqueles que armaram e utilizaram de instituições para criminosamente fazer a maior desconstrução de imagem que esse Estado já viu. Se eles participarem todas as vezes que essa sigla organizar um pleito eleitoral, vai ter essa baixaria. Arquitetaram de maneira criminosa, usando instituições, algo que indelevelmente vai ficar marcado na história de Campo Grande”, assegurou.
Agora, conforme ele, é recomeçar a carreira política, que foi interrompida pela armação criminosa dos seus adversários. “Sou candidato a vereador pelo PDT. Tenho uma vocação de ajudar o próximo e não em benefício individual. Coloco o interesse público na frente do interesse particular, sou uma pessoa humilde, de bom coração, correto, decente e ficha limpa”, ressaltou.
O ex-prefeito completou que não tinha imaginado o tamanho da crueldade que eles agiriam em busca do poder. “Eles são capazes de tudo. Quem liderar a campanha deste ano, seja masculino ou feminino, e for contrária aos interesses desse grupo, coitado, eu oro por ele. Então eu digo aos concorrentes deste grupo para que se preparem, preparem a família de vocês, eles não poupam nada. Esse é o tipo de grupo que, em uma guerra, a primeira coisa que destroem é o hospital da criança”, finalizou.
“Vocês anteciparam a morte de minha mãe”
Em entrevista à rádio Difusora Pantantal ontem, Marquinhos Trad afirmou que o grupo político que o acusou de assédio sexual em 2022 foi responsável pela morte da mãe, Terezinha Mandetta Trad, vítima de um derrame cerebral no ano seguinte.
A situação ocorreu durante campanha eleitoral para disputar ao cargo de governador do Estado em 2022. Segundo o político, quando as denúncias contra ele começaram a surgir, a matriarca dos Trad chegou a receber ofensas com palavras de baixo calão, através de mensagens de whatsapp.
“Anteciparam a morte de minha mãe. Ela foi a que mais sofreu nesse episódio. Me ligava todos os dias e antes de deitar, chorava comigo no telefone. Ela foi trucidada... Mãe é mãe. Durante 60 dias, ela lia, ouvia rádio, mensagens de whatsapp, sites, televisão... Tudo fulminando com armações criminosas e não tínhamos direito de defesa. Ela era forte, saudável e derepente teve um derrame cerebral. Machucaram muito minha mãe. Usaram vocabulários, colocações... Só queria ela aqui”, disse.
Com informações do Correio do Estado