Os dois investigadores de Polícia Civil do MS, suspeitos de desviar uma carga de cigarros contrabandeados do Paraguai, passaram por audiência de custódia nesta sexta-feira, dia 07 de julho e tiveram a prisão preventiva decretada pelo juiz Valter Tadeu Carvalho.
Os servidores foram detidos na noite da última terça-feira (4), após o próprio contrabandista que teve a carga apreendida procurar a Polícia Militar. O denunciante, de 32 anos, afirmou que os cigarros foram pegos pelos policiais da Decat (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Ambientais e de Atendimento ao Turista) e não recebeu nenhum documento.
Ainda conforme a denuncia, a apreensão aconteceu no dia 29 de junho no distrito de Vista Alegre, em Maracaju. E os dois veículos GM/Astra, onde estava o contrabando, foram vistos por ele entrando em um barracão no Bairro Universitário, em Campo Grande.
Segundo o site Campo Grande News, os dois policiais civis acabaram presos em flagrante e o caso chegou a ser enviado para a Justiça Federal de Mato Grosso do Sul, que alegou incompetência para analisar a prisão de ambos. Com isso, eles permaneceram detidos até que o processo fosse remetido ao TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul).
Ontem (07), os policiais passaram pela audiência de custódia e, segundo decisão do juiz, os dois acusados vão permanecer presos. Os investigadores respondem por peculato e, para o magistrado, a prisão é necessária para manter a ordem pública que seria colocada em risco caso eles fossem soltos.
Além disso, alegou que as medidas cautelares diversas da prisão não se adéquam à gravidade do crime, pois o delito envolveu “quantidade expressiva de cigarros”, já foram encontrados com os investigadores mais de 3 mil maços.
Flagra
Enquanto os policiais ouviam o contrabandista, saiu do barracão um carro Fiat Punto. No banco do carona, estava um investigador. Para esclarecer a situação, todos os envolvidos foram levados para a frente do barracão, onde também estavam um outro investigador e um rapaz. Para a segurança, os militares pediram as armas dos investigadores, que foram entregues. A PM percebeu que os dois veículos do contrabandista estavam estacionados no local, lotados de cigarros.
Versão
Um dos suspeitos disse que estava no local porque foi chamado pelo amigo para "negociarem algo". Questionados, os policiais apresentaram a mesma versão dos fatos. Afirmaram que os automóveis foram abandonados por contrabandistas ao verem a fiscalização na MS-462. Então, policiais da Decat levaram os carros até a base da Polícia Militar Rodoviária, onde ficaram até ontem, porque "nenhum policial aceitou receber a apreensão".
Então, os próprios investigadores decidiram ir até Vista Alegre - situação de conhecimento do delegado titular da Decat, Maércio Alves - onde pegaram os veículos com cigarros e levaram até o barracão em Campo Grande. Inclusive, outro policial foi na frente com sinais luminosos ligados. Na versão, dizem que não havia espaço na Decat e decidiram deixar naquele barracão particular, de propriedade da esposa de um dos suspeitos, até a destinação correta.
No local, fizeram o que foi determinado pelo delegado Maércio: efetuar a contagem dos cigarros, registrar boletim de ocorrência e, em seguida, que os veículos e cigarros fossem entregues a Receita Federal. Antes da prisão, a metade do cigarro apreendida já havia sido contabilizada, com registro da quantidade em um papel que estava sobre a mesa do depósito.
Retorno - Em nota, a Corregedoria da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul afirmou que autuou em flagrante os dois policiais civis por prática de crime de peculato e contrabando.
"Os servidores foram abordados por policiais militares após denúncia de que um contrabandista havia sido abordado, na semana passada, pelos policiais que retiveram irregularmente a mercadoria e na data de ontem teriam trazido para Campo Grande e estavam descarregando em um galpão, que segundo informação pertencia a um dos policiais.
A ocorrência foi apresentada na unidade policial e as providências estão sendo devidamente adotadas pela Corregedoria Geral da Polícia Civil. A Policial Civil não coaduna com condutas que destoem de sua missão de servir e proteger a sociedade e reafirma o compromisso de apurar cabalmente os fatos."
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