Publicado em 25/12/2022 às 13:01, Atualizado em 25/12/2022 às 12:13
O artefato foi desativado pelo esquadrão antibombas da Polícia Militar sem causar estragos
Empresário de 54 anos do Pará havia viajado a Brasília para participar de atos golpistas. Segundo polícia, homem confessou intenção de explodir artefato. Polícia apreendeu arsenal de armas com suspeito.A Polícia Civil do Distrito Federal prendeu na noite de sábado (24/12) um apoiador do presidente Jair Bolsonaro suspeito de plantar um artefato explosivo nos arredores do aeroporto de Brasília. O artefato foi desativado pelo esquadrão antibombas da Polícia Militar sem causar estragos.
Segundo a Polícia Civil, o suspeito é um empresário de 54 anos do Pará, identificado como George Sousa. Ele tinha viajado a Brasília para participar das manifestações que pedem um golpe militar para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência.
Há semanas, dezenas de bolsonaristas permanecem acampados em frente ao Quartel-General do Exército na capital. Pouco menos de duas semanas atrás, um grupo de bolsonaristas promoveu atos de vandalismo na capital e tentou invadir a sede da Polícia Federal.
Segundo a polícia, o homem foi preso em Sudoeste, na região central do Distrito Federal. Ainda segundo a polícia, ele confessou a intenção de detonar o artefato no aeroporto. O suspeito ainda estava em posse de um arsenal de duas espingardas, um fuzil, dois revólveres, três pistolas, centenas de munições e uniformes camuflados. No apartamento do suspeito, ainda foram encontradas outras cinco emulsões explosivas, do tipo usada em detonações em atividades de mineração.
"Ele confessou que realmente tinha intenção de fazer um crime lá no aeroporto, que seria destruir um poste, uma coisa nesse sentido, para causar o caos, né. O objetivo dele era chamar a atenção justamente para o movimento que eles estão empenhados", disse o chefe da polícia, Robson Cândido.
"Não temos noção de quantas pessoas colaboraram com ele, mas as investigações vão se aprofundar. Nós respeitamos as manifestações, mas quando ela foge de princípios constitucionais e fere a liberdade do próximo, a polícia vai agir, e agir com rigor", disse ainda o delegado ao jornal Correio Braziliense.
Ainda segundo o delegado, a perícia mostrou que os bolsonaristas tentaram acionar o equipamento. No entanto, por "ineficiência técnica" eles não foram bem-sucedidos, mas "a intenção era de explodir e causar tumulto em Brasília, baseados nessa ideologia que carregam com eles".
"Se esse material adentrasse o Aeroporto de Brasília, próximo a um avião com 200 pessoas, seria uma tragédia aqui dentro de Brasília, jamais vista, seria motivo de vários noticiários internacionais, mas nós conseguimos interceptar", completou.
Segundo a polícia, o artefato foi encontrado num caminhão de combustível, carregado com querosene de aviação. O motorista do caminhão percebeu que uma caixa havia sido colocada no interior do veículo e acionou a polícia. O artefato consistia numa pequena dinamite com temporizador. A bomba foi retirada pelo esquadrão antibombas e desativada. Uma das vias de acesso do aeroporto chegou a ser interditada durante a operação.
Ainda de acordo com a polícia, o homem possuía registro como Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC), mas o documento estava em situação irregular. O suspeito deve ser indiciado por porte e posse ilegais de armas e munições e por crime contra o estado democrático de direito.
No Twitter, o futuro ministro da Justiça, Flávio Dino, parabenizou a polícia pela ação. "Cumprimento a Polícia Civil do DF pela prisão e apreensões efetuadas nesta noite, com aparente ligação com o artefato explosivo desta manhã. Fotos mostram o terrível efeito do extremismo no Brasil. Que todos rezemos nesta noite por paz", escreveu.