A Polícia Militar de Mato Grosso do Sul instaurou procedimento administrativo para apurar a conduta de um subtenente, de 50 anos, preso em flagrante após perseguir uma adolescente de 16 anos com quem mantinha um relacionamento. O caso aconteceu por volta das 23h30 da quarta-feira (30), na região do Bairro Santo Eugênio, em Campo Grande.
Segundo testemunhas, o Policial atirou para o alto durante a perseguição. A vítima, desesperada, pediu ajuda a um motorista de aplicativo, que conseguiu resgatá-la após dar a volta no quarteirão. A jovem contou que havia terminado o relacionamento com o militar, mas era constantemente controlada por ele, segundo relatou ao condutor.
A adolescente e a mãe haviam se mudado de Bela Vista para a Capital há cerca de um mês, e moravam na casa do subtenente. A mãe afirmou à imprensa que o Policial era amigo da família e que “agradava” a filha com presentes e dinheiro. Também sustentava financeiramente as duas. A adolescente relatou à Polícia que se relacionava com ele há cerca de dois anos e que decidiu romper o vínculo por conta do ciúme excessivo do parceiro. O subtenente não aceitava o fim.
Após o resgate, o motorista e a vítima rodaram cerca de dois quilômetros até encontrarem uma viatura da Polícia Militar na Avenida Eduardo Elias Zahran. A equipe acionou a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), que apreendeu a arma do subtenente e iniciou os trâmites do flagrante.
Na tarde de ontem (31), a equipe do Jornal O Estado esteve no bairro e conversou com vizinhos que disseram ter escutado o barulho do disparo, porém, pelo horário e pelo medo não saíram para ver o que estava acontecendo. A reportagem também tentou contato com algum familiar da vítima e do autor dos disparos, mas não encontrou ninguém na residência.
PM diz que repudia conduta e acompanha o caso
Em nota oficial encaminhada à reportagem de O Estado, a Polícia Militar afirmou que “procedimentos administrativos já foram instaurados” e que as providências seguem sendo tomadas com “a seriedade que a situação exige”. O processo é acompanhado pela Corregedoria-Geral da instituição.
“Reafirmamos nosso compromisso inabalável com a ética, o respeito e a integridade em todas as nossas relações […]. A PMMS não coaduna com qualquer comportamento inadequado por parte de seus integrantes”, destacou a corporação.
Segundo a instituição, o caso também será encaminhado ao Ministério Público e ao Judiciário para as medidas legais cabíveis.
Silêncio da Polícia Civil e de órgãos de proteção
A reportagem questionou a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul sobre os próximos passos da investigação conduzida pela Deam, se há apuração sobre a diferença de idade entre vítima e autor e se o caso será relatado ao Ministério Público ou à Defensoria Pública, já que envolve uma adolescente. A corporação respondeu apenas que “não repassa informações que envolvam outras forças de segurança”.
Procurados pela equipe de O Estado, o Ministério Público e a Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul também não se manifestaram, segundo o veículo de imprensa da capital.
A ausência de respostas das instituições que deveriam zelar pela proteção integral da adolescente acende um alerta sobre a condução de casos semelhantes. Em especial, pela presença de relações afetivas entre homens mais velhos e adolescentes em condição de vulnerabilidade.
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