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03/12/2021 às 07:30, Atualizado em 02/12/2021 às 23:27

Jornalista de Campo Grande é intimada a revelar fonte de denúncia e jurista diz: 'é abuso'

Site diz que profissional tem sido pressionada pela Polícia Civil de MS

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Foto - Silas Lima

A jornalista Geisy Garnes, do site de notícias, Campo Grande News, foi intimada, pela Corregedoria da Polícia Civil, a prestar depoimento em inquérito que apura vazamento de gravação, de uma reunião entre delegados da corporação, em Campo Grande. O objetivo seria que a profissional quebrasse o sigilo da fonte.

A profissional recebeu a intimação no dia 29 de novembro. O site de notícias CG News, destaca que Garnes tem sido alvo de pressões constantes para revelar a fonte da reportagem.

Geisy é autora da reportagem: ‘’Na cara do chefe, delegada que investiga ‘mafiosos’ diz não confiar na polícia’’, publicada pelo Campo Grande News, no dia 4 de novembro deste ano.

Em resumo, a matéria cita uma reunião entre o delegado-geral da Polícia Civil, Adriano Garcia Geraldo com demais delegados de polícia.

Ainda segundo o site, conforme um áudio enviado à repórter, em dado momento, o chefe da PCMS questiona a delegada Daniela Kades, membro da força-tarefa que investiga grupo de extermínio em Mato Grosso do Sul, se ela teria novos detalhes da apuração.

Na gravação, Daniela nega repassar as informações e diz que não confia em alguns membros da Polícia Civil. Houve bate-boca e tensão na reunião.

O objetivo do inquérito, garante o CG News, é saber qual participante da reunião gravou a conversa e repassou à jornalista. A Corregedoria pediu o conteúdo da gravação ao site de notícias, mas o jornal destaca que ele foi apresentado na reportagem.

O depoimento está marcado para o dia 6 de dezembro, a partir das 8h30. A intimação foi assinada pelo delegado Elton de Campos Galindo.

Abuso

Para o deputado federal, Fábio Trad, do PSD, que também é jurista, a intimação da jornalista configura abuso de autoridade.

‘’A jornalista não pode ser constrangida pelo aparelho policial a contrariar uma garantia constitucional que resguarda o sigilo da fonte’’, reflete o advogado.

Fábio Trad lembra que a criminalização do jornalismo não é e jamais será o caminho para elucidação dos fatos investigados. Ele acrescenta que, se essa intimação não for sustada, a própria imprensa livre estará sob risco de extinção.

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