Publicado em 29/03/2022 às 15:00, Atualizado em 29/03/2022 às 15:42
Eles foram apontados como integrantes de núcleo da facção no contexto da operação ‘Sintonia dos Gravatas’
Ao menos 15 advogados foram identificados durante as investigações do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) sobre o núcleo ‘Sintonia dos Gravatas’, do PCC (Primeiro Comando da Capital). Parte destes, com mandados de prisão e busca e apreensão, foram alvos da Operação Courrier na última sexta-feira (25).
Conforme as informações do relatório do Gaeco, ao menos 15 advogados são suspeitos de integrarem a facção criminosa, repassando recados entre os membros que estão presos. Entre eles, um advogado seria do estado de São Paulo e atua na defesa de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como liderança da facção.
Entre os investigados também estão dois servidores da Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul, um deles preso na operação, além de dois policiais penais, um também preso. Já entre os integrantes da facção que estão presos, foram apontados 5 como lideranças do PCC, que mantinham contato direto com os advogados investigados.
Troca de mensagens
No relatório do Gaeco é apontado que um advogado teve contato com Marcola, a partir da defesa deste. Na ocasião, o líder do PCC teria questionado sobre a remoção de presos do regime fechado da Gameleira, em Campo Grande, para outros presídios. As investigações concluíram papel importante dos advogados para a estrutura da facção criminosa.
Eles seriam responsáveis ainda por administrarem dinheiro e contas do PCC, além de receberem os ‘salves’. Em uma última transferência de membros do PCC para presídios federais, Marcola teria demonstrado insatisfação, planejando atentados contra promotores de Justiça de Goiás e também de Mato Grosso do Sul.
A determinação dos atentados teria saído do presídio a partir de um integrante do PCC recentemente condenado. Este teria entregue o ‘recado’ a duas advogadas, também alvos da operação.
Ligação direta com Marcola
Um dos membros do PCC de Mato Grosso do Sul cumpria pena no Presídio Federal de Brasília, onde teria se aproximado de Marcola. Depois, veio transferido para a Gameleira em Campo Grande, onde passou a ser encarregado de transmitir ordens e informações aos ‘gravatas’.
Nas conversas entre advogados, eles falam sobre a execução de um homem em Pedro Juan Caballero (PY). O advogado de Marcola chega a comentar sobre a execução, esclarecendo que o homem foi assassinado pelo PCC, já que ele teria matado o primo de um membro da facção, sem a ordem superior. Ele também determina que um advogado de MS auxilie a família do assassinado.
Por fim, o Gaeco também cita a participação dos policiais penais, sendo que um teve o pedido de prisão deferido. Estes estariam recebendo remuneração indevida, em troca da transferência de presos e alteração dos registros. Foi constatado que um advogado teria pagado R$ 40 mil para conseguir a transferência de um preso para Minas Gerais.
No entanto, não foi identificado o servidor que recebeu o valor. A operação realizada na sexta-feira cumpriu ao todo 38 mandados judiciais, em Campo Grande, Dourados, Jardim e Jaraguari.
Já na rua Sebastião Lima, na residência onde mora um casal, policiais cumpriram dois mandados, sendo um de busca e apreensão e um de prisão. Garras, Batalhão de Choque, Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) e Gisp (Gerência de Inteligência do Sistema Penitenciário) também atuam na operação.
Com informações do Midiamax