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23/02/2025 às 12:03, Atualizado em 22/02/2025 às 22:35

Em protesto, mulheres pedem retorno de PMs afastadas do Promuse

Em meio à apelo da população por melhoria nos atendimentos, quem trabalhava de forma humanizada recebeu afastamento da função

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Foto - Reprodução Correio do Estado

Um grupo de mulheres se reuniu na Praça Ary Coelho para pedir melhorias nos protocolos de atendimento realizado pelo poder público às vítimas de violência doméstica, ontem de manhã na capital do MS, Campo Grande, segundo o Correio do Estado.

Dentre as reivindicações, foi pedido o retorno da policial militar Aline Furtado e da sargento Gizele Guedes ao Programa Mulher Segura (Promuse), que atende vítimas de violência doméstica no Mato Grosso do Sul. Ambas as policiais sofreram represálias e foram retiradas do programa com a justificativa de que seriam "improdutivas", opinião contrária à das vítimas que elogiam o atendimento das PMs.

Para combater essa suposta falha, o Promuse alterou sua forma de funcionamento e aumentou o seu efetivo de policiais. Dessa forma, o programa irá focar em "fortalecer a rede de proteção e garantir um acolhimento mais ágil e eficiente", conforme divulgou a assessoria de comunicação da Polícia Militar do Estado.

Como exemplo de situação em que a atenção à vítima é algo fundamental, há casos em que as mulheres mentem quando questionadas se houve quebra da medida protetiva. Se o atendimento é presencial, por vezes o agressor se esconde para observar, ou em ligações, fica por perto para ouvir. Dessa forma, é possível perceber se a vítima está está ocultando algo por medo através da atenção aos detalhes.

Protesto

Na manifestação de ontem, dia 22-02, as policiais foram amplamente defendidas pelas mulheres que já testemunharam sua atuação no Promuse. Uma delas é Jociane Dias, presidente do Bairro Jardim Carioca, que desde 2020 presenciou diversas vítimas serem salvas pelo trabalho das PMs.

Jociane atribui à Gizele a prisão de um homem que vinha cometendo uma série de violências sexuais e físicas às mulheres do bairro.

Essa mudança, no entanto, é totalmente contrária às reivindicações das vítimas de violência doméstica em relação ao atendimento da polícia. Enquanto as mulheres pedem por um maior acolhimento, com escuta ativa e empatia, o novo protocolo trata o atendimento humanizado como "improdutivo".

"Ela vestiu a camisa com muita força daquela luta e ela disse: 'Eu só desisto quando a gente prender esse cara'. Ela estava lá todos os dias, deixou o telefone particular dela para que a gente entrasse em contato, para que se alguém tivesse alguma pista, falasse com ela e foi o que aconteceu", relata a presidente.

"Hoje, o que eu peço, em nome de todas as vítimas que foram atendidas pela Sargento Gisele e pela Aline em Campo Grande, e não foram poucas, é que elas voltem para o Promuse. Elas não vão fazer a diferença em outra delegacia como fazem no Promuse. Porque elas são umas das poucas que realmente defendem as mulheres em Campo Grande".

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