Publicado em 19/02/2025 às 06:30, Atualizado em 18/02/2025 às 23:25

Em carta, delegadas acusam imprensa de "sensacionalismo" em caso de feminicídio

Doze delegadas de Campo Grande assinaram documento que defende a atuação no caso Vanessa Ricarte

Redação,
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Reprodução

Após pedirem desligamento coletivo da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), doze delegadas de Campo Grande assinaram carta com criticas à imprensa. No texto, elas afirmam que as denúncias dirigidas à equipe composta pela delegada titular, Elaine Cristina Ishiki Benicasa, e às delegadas Riccelly Donha e Lucélia Constantino, "atentam contra a honra e a dignidade das profissionais, representando um ataque a todas as mulheres que atuam na segurança pública".

A carta começa falando o que consideram "exploração midiática do caso", afirmando que a busca por popularidade desrespeita a memória da vítima e de seus familiares, além de desvalorizar o trabalho sério dos policiais que atuam diariamente para garantir justiça.

O fato dos veículos de imprensa divulgarem áudio em que a vítima Vanessa Ricarte critica a postura da Deam, na avaliação das delegadas é "sensacionalismo", que não contribui para um debate responsável sobre a violência de gênero.

O áudio em questão instaurou crise na Casa da Mulher Brasileira. Em mensagem enviada a um amigo, a jornalista relata atendimento falho na Deam e orientações equivocadas. Horas depois, ela foi morta pelo ex-noivo, com 3 facadas no coração.

"A exploração midiática de um caso tão cruel de feminicídio, movida pela busca por popularidade, desrespeita a memória da vítima e de seus familiares, além de desvalorizar o trabalho sério de policiais que atuam diariamente para garantir justiça".

O grupo se coloca como vítima de movimento de desmoralização e diz que apenas cumpre a lei. "Reafirmamos nosso compromisso com a transparência e a seriedade na apuração dos fatos, sempre respeitando as normas legais e o devido processo. Não aceitaremos qualquer tentativa de desmoralização dos nossos profissionais, que desempenham um papel essencial na luta contra a violência de gênero", destacam no documento.

Na avaliação das policiais, a equipe da Deam é composta por profissionais qualificados e dedicados, "que buscam oferecer um atendimento humanizado, reforçando o compromisso da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul no combate à violência de gênero."

Apesar do interesse em abandonar a Deam, as delegadas ressaltam que a delegacia permanece firme em sua missão de proteger e garantir justiça às vítimas de violência e avaliam a atuação. "Nos últimos anos, a DEAM de Campo Grande registrou um aumento significativo na resolução de casos, salvando inúmeras vítimas. O trabalho preventivo, por meio de campanhas de conscientização e parcerias com instituições, tem sido essencial para combater e prevenir a violência contra a mulher".

O pedido de transferência não chegou.

A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul garante que não recebeu pedidos de transferência de delegadas da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher de Campo Grande. A instituição assegura que o atendimento na unidade permanece ininterrupto, funcionando 24 horas por dia e oferecendo todos os serviços de sua competência.

A Sejusp também comunicou que a investigação sobre o atendimento prestado à jornalista Vanessa Ricarte, vítima de feminicídio no último dia 12 de fevereiro, será concluída em até 30 dias.

Com informações do Campo Grande News